O enfraquecimento dos partidos
políticos
Ou os partidos políticos tomam jeito ou
acabarão sendo meros indicadores de candidatos em véspera de eleição.
De acordo
com estudos e pesquisas realizadas, pela primeira vez desde 1988, o número de brasileiros
que declara partidário superou o de pessoas que afirmam ter preferência por
alguma legenda política.
O
levantamento foi feito pelo IBOPE, a pedido de jornal de grande circulação
nacional. O resultado foi que no final do ano, 56% das pessoas ouvidas disseram
não ter preferência partidária, contra 44% que apontavam ter preferência por
alguma legenda. Isto é um mau sinal. A perda de simpatizantes ocorreu em todos
os partidos. E os partidos que mais perderam simpatizantes foram o PMDB, PSDB,
DEM e PDT. No PT o IBOPE mostra, também, uma queda na popularidade desde março
de 2010, último ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele momento,
antes de a campanha eleitoral esquentar, o partido atingiu o auge na
preferência dos eleitores: 33% dos entrevistados. Em outubro de 2012, o
porcentual caíra para 24%.
O momento
de maior desencanto com os partidos, em 2012, coincide com o julgamento do
mensalão, quando 13 políticos do PT, PP, PR, PMDB e PTB foram condenados pelo
Supremo Tribunal Federal. Também naquele ano houve eleição municipal, quando
aumentaram ataques e acusações entre legendas.
O PT, no
entanto, ainda se mantém na liderança como o preferido do eleitorado, na frente
do PMDB e do PSDB, apontados como favoritos por 6% e 5% dos entrevistados,
respectivamente.
Os
porcentuais apurados pelo Ibope refletem o momento histórico e a conjuntura
política e econômica, não só brasileira como mundial. Também apontam para
questões estruturais, como a crise da representatividade dos partidos políticos
tradicionais.
"De
1988 para cá, a democracia se ‘rotinizou’. Então é claro que essa paixão tende
a arrefecer. Junto com essa rotinização tivemos uma série de escândalos. Alguns
cristais se quebraram, e diminuiu a polarização ideológica entre os partidos,
fatores específicos do Brasil e problemas estruturais da política: os partidos
não dão mais conta de uma grande explicação do mundo.
No ano
passado, por exemplo, pesquisa Ibope mediu a confiança do brasileiro nas
instituições do País. Os partidos políticos foram os menos confiáveis, entre 22
instituições avaliadas - a família aparecia em primeiro lugar.
O PT se
aproximou dos partidos tradicionais e perdeu parte do discurso ético ao fazer
alianças pragmáticas, como as com Paulo Maluf (PP-SP. O acordão na CPI do
Cachoeira, que não permitiu aprofundar investigações também ajudou. É o velho
discurso de que, para se governar, precisa fazer alianças. Hoje é tudo pelo
poder. Tenho um pouco de medo desse discurso.
Se 2012
foi o ano em que mais pessoas se disseram apartidárias, em maio de 2007 o
número de brasileiros que diziam ter uma preferência por alguma legenda atingiu
o auge na série histórica: 66% contra 33% que não indicavam nenhuma sigla.
O PMDB
canalizou para si o processo de democratização e de transição e nada mais. De que adianta ser o maior partido político
do país, se não toma atitudes, fica em cima do muro, é fisiologista, e só se
apresenta como o bonzinho da orquestra. Nos anos 90, tem a crise de imagem do
governo Sarney, espelhada a partir do próprio PMDB, que não conseguiu se
constituir mais como um partido nacional. Virou uma espécie de federação de
partidos estaduais. Vejam agora quem se apresenta para a eleição na Câmara e no
Senado! Dá pra aguentar uma situação dessas? É muita sacanagem!
Aqui, continua repercutindo a saída
do ex-deputado e ex-prefeito de Erechim Antônio Dexheimer, do PMDB. A sua
desfiliação já era esperada desde quando começou a perder voz e vez para outra
ala criada dentro do partido que surgiu, aliás, para se contrapor as suas
ideias e liderança. Dexheimer perdeu a maioria no diretório na última eleição para escolha dos novos dirigentes,
depois perdeu novamente quando não queria mais a continuidade da coligação
PMDB/PT e perdeu recentemente quando queria a candidatura de Ângelo Giareton,
histórico do partido para a prefeitura. Em suma, não tinha mais ambiente e o caminho foi apanhar o chapéu e dizer,
tchau PMDB.
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