domingo, 20 de janeiro de 2013


O enfraquecimento dos partidos políticos

Ou os partidos políticos tomam jeito ou acabarão sendo meros indicadores de candidatos em véspera de eleição.

De acordo com estudos e pesquisas realizadas, pela primeira vez desde 1988, o número de brasileiros que declara partidário superou o de pessoas que afirmam ter preferência por alguma legenda política.

O levantamento foi feito pelo IBOPE, a pedido de jornal de grande circulação nacional. O resultado foi que no final do ano, 56% das pessoas ouvidas disseram não ter preferência partidária, contra 44% que apontavam ter preferência por alguma legenda. Isto é um mau sinal. A perda de simpatizantes ocorreu em todos os partidos. E os partidos que mais perderam simpatizantes foram o PMDB, PSDB, DEM e PDT. No PT o IBOPE mostra, também, uma queda na popularidade desde março de 2010, último ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele momento, antes de a campanha eleitoral esquentar, o partido atingiu o auge na preferência dos eleitores: 33% dos entrevistados. Em outubro de 2012, o porcentual caíra para 24%.

O momento de maior desencanto com os partidos, em 2012, coincide com o julgamento do mensalão, quando 13 políticos do PT, PP, PR, PMDB e PTB foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Também naquele ano houve eleição municipal, quando aumentaram ataques e acusações entre legendas.

O PT, no entanto, ainda se mantém na liderança como o preferido do eleitorado, na frente do PMDB e do PSDB, apontados como favoritos por 6% e 5% dos entrevistados, respectivamente.

Os porcentuais apurados pelo Ibope refletem o momento histórico e a conjuntura política e econômica, não só brasileira como mundial. Também apontam para questões estruturais, como a crise da representatividade dos partidos políticos tradicionais.

"De 1988 para cá, a democracia se ‘rotinizou’. Então é claro que essa paixão tende a arrefecer. Junto com essa rotinização tivemos uma série de escândalos. Alguns cristais se quebraram, e diminuiu a polarização ideológica entre os partidos, fatores específicos do Brasil e problemas estruturais da política: os partidos não dão mais conta de uma grande explicação do mundo.

No ano passado, por exemplo, pesquisa Ibope mediu a confiança do brasileiro nas instituições do País. Os partidos políticos foram os menos confiáveis, entre 22 instituições avaliadas - a família aparecia em primeiro lugar.

O PT se aproximou dos partidos tradicionais e perdeu parte do discurso ético ao fazer alianças pragmáticas, como as com Paulo Maluf (PP-SP. O acordão na CPI do Cachoeira, que não permitiu aprofundar investigações também ajudou. É o velho discurso de que, para se governar, precisa fazer alianças. Hoje é tudo pelo poder. Tenho um pouco de medo desse discurso.

Se 2012 foi o ano em que mais pessoas se disseram apartidárias, em maio de 2007 o número de brasileiros que diziam ter uma preferência por alguma legenda atingiu o auge na série histórica: 66% contra 33% que não indicavam nenhuma sigla.

O PMDB canalizou para si o processo de democratização e de transição e nada mais.  De que adianta ser o maior partido político do país, se não toma atitudes, fica em cima do muro, é fisiologista, e só se apresenta como o bonzinho da orquestra. Nos anos 90, tem a crise de imagem do governo Sarney, espelhada a partir do próprio PMDB, que não conseguiu se constituir mais como um partido nacional. Virou uma espécie de federação de partidos estaduais. Vejam agora quem se apresenta para a eleição na Câmara e no Senado! Dá pra aguentar uma situação dessas? É muita sacanagem!

Aqui, continua repercutindo a saída do ex-deputado e ex-prefeito de Erechim Antônio Dexheimer, do PMDB. A sua desfiliação já era esperada desde quando começou a perder voz e vez para outra ala criada dentro do partido que surgiu, aliás, para se contrapor as suas ideias e liderança. Dexheimer perdeu a maioria no diretório na última  eleição para escolha dos novos dirigentes, depois perdeu novamente quando não queria mais a continuidade da coligação PMDB/PT e perdeu recentemente quando queria a candidatura de Ângelo Giareton, histórico do partido para a prefeitura. Em suma, não tinha mais ambiente  e o caminho foi apanhar o chapéu e dizer, tchau PMDB.

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