segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Escândalo e mais escândalo
Está cada vez mais difícil encontrar um político ficha limpa neste país. Na Câmara dos Deputados, sem falar no Senado, são vários os seus integrantes envolvidos em procedimentos criminosos.
 
O deputado Henrique Eduardo Alves, PMDB, é o presuntivo novo presidente da Câmara. Ele veio a Porto Alegre semana passada para pegar o apoio dos deputados federais do Partido (Osmar Terra, Darcisio Perondi, Eliseu Padilha e Alceu Moreira) mas também conversar com os deputados estaduais e dirigentes partidários. Além de vir buscar apoio teve que se explicar sobre as denúncias da revista Veja, segundo as quais ele meteu a mão em dinheiro que não podia, ao “contratar” uma empresa de fachada para fazer de conta que aluga automóveis para seu uso, visando com isto mascarar dinheiro grosso que recebeu indevidamente. Ao praticar atos igualmente lesivos aos fundos da Câmara, João Paulo Cunha virou bandoleiro no STF.
 
Neste domingo, o jornal Folha de S. Paulo também atacou Alves, mas por outra razão pior ainda. É que o deputado foi acusado de ter direcionado recursos de emendas parlamentares a uma empresa de um assessor lotado em seu próprio gabinete. É o que informa reportagem de Leandro Colon, neste domingo, na Folha. Os recursos das emendas foram parar na empresa Bonacci Engenharia e Comércio, que pertence a Aluizio Dutra de Almeida e é também tesoureiro do PMDB em Natal (RN), a base eleitoral de Henrique Eduardo Alves. Segundo o esquema, o deputado direcionava emendas para prefeituras comandadas pelo PMDB no Rio Grande do Norte e os prefeitos, em seguida, contratavam a Bonacci. Os valores das emendas variavam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil e beneficiavam cidades como São Gonçalo do Amarante, Brejinho e Campo Grande. Em 2002, Henrique Eduardo Alves foi cotado para ser vice de José Serra, mas perdeu a vaga quando um escândalo o derrubou.
 
Favorito para vencer a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, deputado federal há 42 anos, se apresenta como um profundo conhecedor dos meandros do Parlamento. Trata-se da mais pura verdade, como se verá a seguir.Como todo deputado, o potiguar Alves recebe, além do salário, uma ajuda de custo de 32 mil reais para bancar as despesas do mandato. No seu caso, mais de um quarto desse dinheiro (8.300 reais) é gasto a cada mês com aluguel de veículos, segundo sua prestação de contas. Ocorre que as notas fiscais que Alves apresenta para comprovar essas despesas são emitidas por uma empresa registrada em nome de uma laranja - ligada a um conhecido ex-assessor de seu partido.
 
A Global Transportes tem como endereço uma casa na periferia de Brasília. No papel, pertence à ex-vendedora de tapetes Viviane dos Santos. Localizada por VEJA, Viviane disse nem saber da existência de contrato com o deputado. Ela afirma que, na verdade, emprestou seu nome a uma tia - e admite que a empresa da qual é “dona”, e que supostamente aluga veículos, não possui um carro sequer. A tia de Viviane, que fornece as notas ao gabinete do deputado Alves, é quem tenta explicar: “Nós arrumamos carros com terceiros e os alugamos”. Procurado, Henrique Alves primeiro disse que, quando está em Brasília, utiliza carro próprio. Depois, corrigiu-se afirmando que o carro que usa na capital é alugado, sim, mas ele não se lembra nem mesmo do modelo. Por fim, mandou que um funcionário de seu gabinete, desse explicações. “Você acha que eu cuido disso?”, reagiu Alves. O funcionário, porém, foi de uma sinceridade rara: “Talvez o deputado não se lembre, mas foi ele quem mandou contratar essa empresa”.
 
Por trás da mamata está um ex-assessor do PMDB. Ele foi sócio da Executiva, outra empresa que não existe no endereço declarado. A Executiva forneceu notas a Henrique Alves até se enrolar com a Justiça e ser substituída pela Global. Desde 2009, Alves destinou às duas empresas, sob a batuta de César Cunha, 357.000 reais. Daria para comprar cinco carros executivos. Na campanha pela presidência da Câmara, Alves tem dito que trabalhará para limpar a imagem da Casa, manchada por escândalos. Pelo visto, terá de começar pelo próprio gabinete. Estranho que ainda existam esses contratos de locação. No meu tempo de Câmara essa marcutaia havia sido suspensa, tamanho era o desvio de dinheiro através de laranjas.

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