A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA
Não há como não comentar a exemplo de
toda mídia nacional e estrangeira a desgraça que ocorreu na cidade de Santa
Maria que vitimou 233 frequentadores da boate Kiss, a maioria universitários,
que realizavam uma comemoração.
O Brasil inteiro se comoveu com a
tragédia. Até a presidente Dilma num gesto de solidariedade deixou de concluir
compromisso no Chile para se juntar ás famílias enlutadas e compareceu ao local
do incidente. Durante entrevista ao chegar a Santa Maria, Dilma chorou dizendo
que ela e o Brasil estavam juntos naquele momento.
Fica mais uma vez a indagação, e a
fiscalização onde andava que não autuou os proprietários da boate por estar com
a vistoria do local vencida? Por que foi concedido Alvará de funcionamento para
uma casa de diversões em local não apropriado? Em fim, existem hoje muitos
porquês. Longe de nós querer incentivar caça as bruxas, mas que foi uma
irresponsabilidade e imprudência, foi. Cabe agora as autoridades policiais e
Jusdiciais encontrar os culpados e puni-los de acordo com a legislação
brasileira.
Ás famílias dos atingidos, como gaúchos
e brasileiros, a expressão da nossa dor e tristeza por tudo o que aconteceu.
Até o papa Bento XVI disse estar "consternado" pelo trágico
incêndio ocorrido na boate Kiss em Santa Maria. A mensagem foi divulgada nesta
segunda-feira através de uma telegrama. O texto foi enviado em nome do
pontífice pelo secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, ao arcebispo da
cidade de Santa Maria, monsenhor Hélio Adelar Rubert. "Consternado pela
trágica morte de centenas de jovens em um incêndio em Santa Maria, o Sumo Pontífice
pede que sejam transmitidos aos familiares das vítimas seus pêsames e
participação na dor de todos os atingidos", diz o documento divulgado pelo
gabinete de imprensa do Vaticano. "Confio a Deus Pai Misericordioso os
falecidos e peço ao Céu conforto e melhoras para os feridos". Na Catedral
São José houve missa concelebrada na segunda-feira em sufrágio ás almas dos
falecidos e em solidariedade das famílias enlutadas em nome da comunidade
Católica de Erechim.
Por oportuno, vale lembrar outro incidente que levou a vida de mais de
50 de pessoas cujos responsáveis acabaram fugindo do país. Lembram do naufrágio
da embarcação Bateau Mouche IV, barco de turismo que desapareceu na costa
brasileira no dia 31 de dezembro de 1988, na Baía de Guanabara, no Rio de
Janeiro, quando estava a caminho de Copacabana? Nesse caso também falhou a
fiscalização.
A embarcação, utilizada no rio Amazonas,
havia sido modificada com o acréscimo de dois andares e de um terraço
suplementar.
Durante as comemorações do Ano Novo de
1989, embora estivesse regularizada pelas autoridades competentes e fosse
considerada um cartão-postal da cidade do Rio de Janeiro, ao se deslocar para
fora da barra da baía de Guanabara para assistir à queima de fogos na praia de
Copacabana, deparou-se com ondas pesadas no mar, vindo a adernar. A rápida e
acentuada movimentação de carga nos andares superiores causou o naufrágio, onde
pereceram 55, dos 142 passageiros a bordo.
No inquérito que se seguiu foram
apontados diversos responsáveis, entre eles a empresa de turismo, os
passageiros que disputavam um lugar do
terraço da embarcação, as autoridades competentes do estado do Rio de Janeiro,
e a Capitania dos Portos, dando lugar a um longo processo judicial.
O laudo pericial apontou que o Bateau
Mouche IV transportava mais que o dobro da lotação permitida (62 passageiros).
Os sócios majoritários da empresa Bateau Mouche Rio Turismo, Faustino Puertas
Vidal e Avelino Rivera (espanhois) e Álvaro Costa (português), foram condenados
por homicídio culposo (sem a intenção de matar), sonegação fiscal e formação de
quadrilha, em maio de 1993, a quatro anos de prisão em regime semi-aberto (só
dormiam na prisão), mas em fevereiro de 1994 eles fugiram para a Espanha.
A atriz Yara Amaral perdeu a vida na
tragédia. Também se encontrava a bordo da embarcação o ex-ministro do
Planejamento, Anibal Teixeira, que sobreviveu. O que se espera das autoridades
é que as verdadeiras causas determinantes da tragédia sejam esclarecidas e os
culpados condenado pelo flagicioso cometido.
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