Folha de São Paulo Publicou
MAIORIA DO STF VOTA PELA
CONDENAÇÃO DE CINCO RÉUS NO
MENSALÃO
DE BRASÍLIA
Faltando apenas a apresentação de
um dos 11 votos, o STF (Supremo Tribunal Federal) já reúne a maioria necessária
pela condenação de cinco réus do mensalão por desvios de recursos públicos da
Câmara e do Banco do Brasil.
São considerados culpados: o
deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil
Henrique Pizzolato, ligado ao PT, além do empresário Marcos Valério Fernandes
de Souza e de dois ex-sócios, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, que atuaram nos
dois casos.
Para concluir a análise do
primeiro dos sete itens da denúncia que serão analisados, falta apenas o voto
do presidente do STF, Carlos Ayres Britto, que será proferido
O julgamento enfraquece a tese
levantada por vários advogados de defesa de que houve apenas caixa dois de
campanha, e não compra de votos de parlamentares, como alega a denúncia. A
partir de amanhã, o STF analisa a questão de gestão fraudulenta.
Por 8 votos a 2, João Paulo está
sendo condenado por corrupção passiva e peculato (desvio de recursos públicos).
Ele é acusado de receber R$ 50 mil para beneficiar agência do publicitário em
contrato com a Câmara.
O ministro Dias Toffoli seguiu a
decisão do revisor, Ricardo Lewandowski, pela absolvição.
A maioria dos ministros inocentou
o petista da acusação de peculato pela contratação de um assessor quando
presidente da Câmara (2003-2004), da empresa do jornalista Luis Costa Pinto.
A acusação sustentava que houve desvio
de dinheiro público, já que a empresa teria prestado assessoria pessoal para
ele.
A acusação de lavagem de dinheiro
contra o petista será definida no voto do presidente. Votaram pela condenação
neste ponto: Celso de Mello, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Carmén Lúcia e Joaquim
Barbosa. Avaliam que o fato de mandar a mulher receber o dinheiro foi para
ocultar a movimentação.
Marco Aurélio, Peluso, Toffoli,
Lewandowski votaram pela absolvição do petista. A ministra Rosa Weber não
analisou essa parte da denúncia.
Pelo desvio de recursos na
Câmara, a maioria dos ministros também votou pela condenação de Marcos Valério
e ex-dois sócios por corrupção ativa e peculato.
defender a condenação, o
ministro Celso de Mello disse que "corruptos e corruptores são os profanadores
da república".
AnteriorPróxima
O ministro do Supremo Tribunal
Federal Ricardo Lewandowski em mais uma sessão do julgamento do mensalão
BANCO DO BRASIL
Os ministros condenam o
ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, ligado ao PT, por corrupção
passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
A ministra Rosa Weber não
analisou a denúncia de lavagem nesse caso. Celso de Mello e Marco Aurélio
votaram para absolver o ex-diretor nesse ponto. O grupo de Valério foi
condenado por corrupção ativa e peculato.
Todos os ministros também votaram
pela absolvição do ex-ministro Luiz Gushiken, acusado de permitir os repasses
autorizados por Pizzolato.
Pizzolato foi acusado de receber
R$ 326 mil de Valério para antecipar, de forma ilegal, recursos de cotas de um
fundo financeiro sob controle do Banco do Brasil.
"As respostas [de Pizzolato]
se mostraram insustentáveis. A entrega do numerário ocorreu cinco dias após um
repasse de R$ 135 milhões estabelecendo-se um elo", disse Marco Aurélio.
Mendes disse que ficou preocupado
com a situação do Banco do Brasil. "Quando eu ouvia os relatos [do
processo], eu me perguntava o que fizeram com o nosso Banco do Brasil? Como nós
descemos na escala das degradações. É um fato extremamente grave", disse.
PENAS
Como o caso é analisado de forma
fatiada no Supremo, os ministros fizeram um acordo para definir as penas no
final do julgamento.
O ministro Cezar Peluso, no
entanto, antecipou-se aos colegas e sugeriu penas para os cinco réus. Ele se
aposenta na segunda-feira, compulsoriamente, ao completar 70 anos e, portanto,
não poderá participar do cálculo das eventuais condenações com os outros
ministros. Ele também não vai votar os outros itens da denúncia.
Para João Paulo Cunha, ele pediu
seis anos de prisão. Como punição para Valério sugeriu 16 anos de prisão e oito
anos para Pizzolato. Para os dois ex-sócios, voutou por 10 anos de prisão.
Na prática, no entanto, vários
crimes podem prescrever.