sábado, 28 de fevereiro de 2015

A DESGRAÇA SER CAMINHONEIRO

Ser caminhoneiro nos dias atuais é uma desgraça. Além de conviver com as dificuldades nas estradas pela falta de infraestrutura, segurança, desvalorização da profissão, ser explorado pela existência de uma tabela injusta de fretes, enfim, exercer a atividade de caminhoneiro autônomo hoje em dia  é ser um verdadeiro herói, além de ter paciência e tolerância para aguentar a omissão do Governo, até para dialogar.
Essa greve que nasceu da própria vontade da categoria sem o envolvimento de Sindicatos, Federações, Confederações e outras instituições ligadas ao transporte de cargas, é fruto da falta de consideração do Governo para com os profissionais do maior modal de transportes e responsável por 60% das mercadorias produzidas no país.
O Governo tinha, sim, informação que a greve estava na iminência de acontecer, ou vai me dizer que o serviço de inteligência não sabia?
Faltou habilidade, competência, foro, perspicácia, para prevenir algo tão mais importante - por exemplo - que gastar dinheiro com o envio de tropas nacionais com o objetivo de debelar o movimento.
Por sua vez, em mais uma tentativa desastrada de conter o movimento dos caminhoneiros, o ministro da Justiça, José Cardozo, disse na semana passada no auge do movimento, que os caminhoneiros que continuassem obstruindo as estradas seriam multados com valores entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por hora. Ainda segundo Cardozo, os líderes do movimento dos caminhoneiros que vieram conversar com o governo aceitaram as propostas do Executivo. Aqui parece haver controvérsia. Não é o que dizem os caminhoneiros.
Os próprios supostos líderes com quem o Governo diz ter feito acordo assumiram publicamente que o movimento é espontâneo e que não tem como garantir que parem. São líderes, interessante, que assumem que não lideram.
Cardozo afirmou que “A decisão do valor da multa não é do governo, é da Justiça, e a punição não está sendo imposta por mim, e sim por magistrados. Eu tenho o dever de fazer cumprir a lei”. Entretanto, foi o Governo que pediu a liberação das estradas para a Justiça.
Para comprovar que não tem legitimidade o que afirma o Ministro da Justiça veja quem figurou na suposta comissão de negociação:
Neori Tigrão, empresário dono de postos de combustível no Paraná, radialista, político, nunca foi caminhoneiro. Entretanto preside várias entidades, dentre elas o Movimento União Brasil Caminhoneiro do Paraná. É ligado a Nélio Botelho, que aparecia como líder da paralisação de 2013. É considerado um lobista sempre presente em Brasília mas não é visto como liderança forte no setor. Além disso, teve atuação suspeita na última paralisação em 2013, junto com o polêmico Nélio Botelho.
Diumar Bueno, transportador, conseguiu criar a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos. Considerado muito habilidoso, já teve mais representatividade. Apareceu mais na mídia como piloto de Fórmula Truck e embora ainda seja forte no Paraná, controlando as entidades, vem perdendo credibilidade entre os autônomos. A continuação de dezenas de pontos de bloqueio dos caminhoneiros nas rodovias do Paraná mostram que ou Diumar perdeu o controle da pista ou estaria mantendo o movimento para forçar outros benefícios. Mas tudo indica que, como outras entidades e lideranças, vem sofrendo descrédito. No www.facebook.com/Estradas, foi publicado um post com a foto dos três líderes e o editor perguntou quem reconhecia nesses homens, liderança para assinar acordo com o Governo. De mais de 10 mil caminhoneiros que viram a notícia ninguém disse conhecê-los ou reconhecê-los como líder. Curiosamente, mais de 100 pessoas fizeram questão de dizer que não reconheciam, e apresentavam suas justificativas, na maioria nada elogiosas: https://www.facebook.com/Estradascombr/posts/860340994021419
Para complicar, apareceu um novo suposto líder que diz controlar mais de 120 pontos de bloqueio através do Comando Nacional do Transporte, cujo número de seguidores no Facebook eram menos de 800 na quarta-feira a noite mas pulou para quase 10 mil na noite desta quinta-feira. Trata-se de Ivar Schimidt, originalmente de Santa Catarina dono de uma pequena transportadora no Rio Grande do Norte. Disse que não aceitava o acordo do Governo e ganhou notoriedade porque foi retirado de uma reunião e depois da veiculação do acordo afirmou que não concordava e mandou parar tudo.
Curiosamente, no Rio Grande do Norte, Ivar não parece ter conseguido  mobilização. Além disso, chegou no Congresso de braços dados com o deputado Jerônimo Goergen, (RS) autor do texto base da nova Lei do Motorista. Divulga elogios ao Deputado Valdir Colatto, de Santa Catarina, relator, e agora aparece com intimidade com o Deputado Covatti, filho do ex-deputado Valdir Covatti que fez parte da tropa de choque montada na comissão especial para derrubar a Lei do Descanso. Schimidt também não apresenta na sua pauta nada de significativo para os motoristas empregados e parece que originalmente era uma liderança inexpressiva alçada a celebridade temporária pela incapacidade do Governo de lidar com a situação.
Já os motoristas empregados não tem sido representados nas reuniões ou seus líderes não tem nenhum tipo de repercussão. E, em nenhum momento o Governo recebeu como pauta aumento de salários dos motoristas, das diárias, melhores condições de trabalho e redução de jornada. Pelo contrário, a lei que o Governo promete sancionar sem veto vai aumentar a jornada e abrir um perigoso precedente pois aumenta de 2h para 4h as horas extras, contrariando a CLT.
Os sindicatos dos empregados estão completamente desmoralizados depois que aceitaram sem grande resistência a revogação da Lei do Descanso, a Lei 12.619/12, em troca de uma nova legislação que retira direitos, aumenta a jornada, diminui o tempo de descanso e ainda aumenta o tempo de direção contínua. A frente da  Confederação Nacional Dos Trabalhadores em Transportes Terrestres está um octogenário presidente que parece ter um cargo vitalício. As demais entidades não conseguem mobilizar os trabalhadores, nem mesmo nesse momento em que muitos estão parados.
A revogação da Lei 12.619/12 sempre foi pauta dos representantes do agronegócio, inclusive da Confederação Nacional da Agricultura, cuja presidente é agora ministra da Agricultura do Governo Dilma. Para justificar a mudança da lei que tramitou 16 anos no Congresso, os embarcadores usaram deputados conhecidos por sua flexibilidade e simpatia as causas do grupos poderosos. Como cortina de fumaça para os interesses dos embarcadores foram utilizados os caminhoneiros e algumas lideranças facilmente manipuláveis. O discurso fácil criou na opinião pública e algumas cabeças do Governo a ilusão de que seria de grande interesse dos caminhoneiros. A resistência dos caminhoneiros na estrada indica que não era bem assim. Para os autônomos a nova lei traz poucos benefícios.
A Lei dos Caminhoneiros aguarda sanção da presidenta O texto, aprovado há duas semanas pelo Congresso Nacional, altera a regulamentação da profissão, e um dos temas importantes que está na lei, de acordo com o secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, “é que os caminhões que trafegam vazios estarão suspensos do pagamento de pedágio por eixo suspenso”. É uma das poucas pautas vistas com simpatia mas que poderá cair na prática pois afeta os contratos das concessionárias que vão recorrer a justiça. Sem contar que a nova lei não será aplicada no controle das jornadas e tempo de direção porque somente poderá ser fiscalizada onde houver paradas homologadas e o Governo não tem a menor ideia de como fazê-lo, nem muito interesse. Além disso, proprietários de postos em rodovias não demonstram o maior interesse em ser homologados e criar uma obrigação de atender caminhoneiros, com carretas com 30 metros, 40 toneladas, que não geram receita.
Do ponto de vista jurídico o Ministério Público do Trabalho, sindicatos, e até deputados da base do Governo, ameaçam entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, por uma série de tropeços jurídicos do novo texto, inclusive legislar por exceção ao admitir a punição em apenas alguns trechos de rodovias.
Os motoristas empregados, que foram beneficiados com a Lei do Descanso, já demonstram sinais evidentes de que não vão aceitar perder direitos impunemente. Não querem trabalhar mais e praticamente ganhar a mesma coisa. Isso deverá criar outras paralisações caso surjam lideranças fora dos sindicatos, já que estes não tem mais força e parecem estar acomodados nos benefícios decorrentes da vida sindical.
Da parte do Governo, Tanto Rossetto quanto Cardozo enfatizaram, porém, que as propostas só serão mantidas e postas em prática após a suspensão do bloqueio nas estradas. O certo é que o Governo Federal criou um desgaste político enorme com essa paralisação devido a capilaridade do transporte rodoviário. Na região Sul o estrago é incomensurável. E para impor sua autoridade será obrigado a usar a força sobre profissionais que estão desesperados, dispostos a tudo, num terreno que eles dominam que são as rodovias e o interior.
Como cereja do bolo funerário dessa desastrada política do Governo com relação ao transporte rodoviário, a tendência , com a revogação da Lei do Descanso, é o aumento das mortes nas estradas. Como o Brasil sedia em novembro, em Brasília, uma conferência da ONU cujo foco é reduzir em 50% as mortes no trânsito, o Governo Dilma poderá ganhar um atestado de óbito na sua política de redução de acidentes, apesar do bom trabalho realizado pela Polícia Rodoviária Federal no Carnaval.
Hoje, pra encher o tanque de um caminhão, custa 2.500 reais num frete que dá 2.000 reais. O os caminhoneiros querem saber e o governo tem que explicar é por que não o frete não aumenta?
Toda a cadeia transportadora está desesperada.
Há que se ter muito cuidado no trato dessa questão com os caminhoneiros, porque eles representam 80% da força impulsionadora do desenvolvimento do pais. Sem o caminhoneiro o Brasil para, como está demonstrado.
Não será com ameaças, cobrança de multas milionárias, bater, prender caminhoneiro, que se resolverá essa balburdia que já dura mais de uma semana. A presidente Dilma Rousseff tem que admitir que houve falha na condução do processo de conciliação com os caminhoneiros.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

DEPUTADO SOSSELA IRÁ A JULGAMENTO NO DIA 24. CASO SEJA CONDENADO, PERDERÁ O MANDATO.

Postado por Polibio Braga 2/10/2015 com 6 comentários

Será dia 24 o julgamento do ex-presidente da Assembléia do RS, Gilmar Sossela, PDT. O Tribunal Regional Eleitoral decidirá sobre ação movida pelo Ministério Público, que encontrou nas atividades do deputado uma série de crimes, como abuso de poder, captação ilícita de recursos e conduta vedada. Sossela foi investigado pela Polícia Federal depois de denúncias de servidores do gabinete da presidência da Assembléia, segundo as quais eles teriam sido pressionados para comprar convites para festas de campanha. Se for condenado, o deputado perderá o mandato.

6 comentários :

Esse deputado oportunista deve ser cassado. Reativou a aposentadoria dos deputados numa ação de benefícios próprios. È um demagogo,incompetente,mal intencionado,e oportunista.
Delcio.

Anônimo disse...
Este Deputado deve ser cassado e assim livrar o PDT deste constrangimento,sujando o nome do Partido,nunca deveria ser Presidente da Assembléia ,pois lhe falta competência,torço pela sua cassação e expulsão do PDT.

Anônimo disse...
.E leva junto a esposa fantasma do governo Fortunati.

Luiz Vargas disse...
Quem sabe perdendo o mandato ele realize o sonho de virar superintendente no BB no RS. Afinal foi esta a justificativa que usou quando inventou esta história de aposentadoria para os deputados estaduais. Ser deputado deixou de ser cargo eletivo e virou emprego com direito a aposentadoria. Este sujeito deveria ser cassado, mas os exemplos vindos do PJ nos mostram que a lei que serve para o ladrão de galinhas não é a mesma que serve aos colarinhos brancos. Este sujeito tem alguns pecados para pagar e um dia vai ter que pagar.Foi um dos crápulas que quis detonar com o GOVERNO de Yeda Crusius.

Anônimo disse...
O que tem a esposa do fortunati a ver com o Sossela? nem deputada a mulher era quando o alemão fez a besteira.... coerência por favor

 Anônimo disse...

Caso seja caçado, tenho uma sugestão para o deputado: Abra uma churrascaria, o sr. tem jeito para a coisa, só não vá cobrar R$2.500,00 por cabeça para o espeto corrido, pois o bolso da freguesia não é o de seus assessores e CCs da Assembléia Legislativa. Até já virou adágio popular no RS, quando se julga o preço de uma compra muito caro, se diz: Tal coisa está mais cara que churrasco do Sossela! O bom humor do povo, não tem limites, mas o de alguns Tribunais tem!