VALE A PENA LER
COLUNA DO
AUGUSTO NUNES - REVISTA VEJA
Com palavras e imagens,
esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em
berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido.
DIRETO AO PONTO
FACHIN ENTROU EM CAMPO
PARA MANTER NO CARGO A MULHER A QUEM DEVE O EMPREGO
Por anos a fio, Luiz
Fachin foi simultaneamente procuradorl do estado e advogado militante. A essa
acumulação de funções, proibida pela Constituição paranaense e portanto ilegal,
somou-se uma agravante só contornada por gente dotada do dom da ubiquidade:
Fachin continuou a dar aulas na universidade. E o duplo emprego virou triplo.
Em numerosos artigos,
entrevistas e discursos, o doutor em extravagâncias bacharelescas deixou claro
seu menosprezo pelo preceito constitucional que garante a propriedade privada
no Brasil. Nunca escondeu os laços afetivos com o MST, uma velharia comunista
que não tem existência jurídica. E sempre defendeu enfaticamente a
desapropriação de terras produtivas para fins de reforma agrária, sem o
pagamento de indenização aos proprietários lesados.
Indicado para uma vaga no
Supremo Tribunal Federal por Dilma Rousseff, Fachin superou a sabatina no
Senado com a ajuda militante do cabo eleitoral Álvaro Dias. Na discurseira em
que se derramou em elogios e rapapés ao sabatinado, o parlamentar tucano
advertiu os que lastimaram a deserção do até então combativo oposicionista:
todos iriam arrepender-se quando Fachin começasse a agir no Supremo.
Nesta terça-feira, em
decisão monocrática, o magistrado dos sonhos de Álvaro Dias suspendeu a
comissão do impeachment que a Câmara começou a montar horas antes. A palavra
final caberá so plenário do tribunal, que examinará a pendência na próxima
quarta-feira. Mas agora está claro que Fachin entrou em campo para manter no
cargo a presidente a quem deve o emprego.
Na conversa gravada pelo
filho de Nestor Cerveró, o senador Delcídio do Amaral e seus comparsas se
mostram muito animados com a informação de que determinado caso seria julgado
por Fachin. A interrupção do processo de impeachment ajuda a entender o entusiasmo
da turma empenhada em desmoralizar a Operação Lava Jato.
Para devolver à condição
humana ministros convencidos de que a toga transforma advogados em divindades,
basta que os milhões de indignados retomem as ruas e mostrem claramente o que o
país que presta pensa de gente assim. O Congresso fará a vontade do povo. O STF
não ousará desafiá-la com atrevidas manifestações de gratidão ao padrinho. Ou
madrinha.