terça-feira, 3 de julho de 2012


FALTAM LEITOS E MAIS MÉDICOS
O Hospital de Clínicas, de Porto Alegre, é o único da rede federal que pode se dizer referência nacional em saúde não só pelas suas instalações, equipamentos e equipes de médicos-professores-especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O Clínicas é um hospital público, geral e Universitário que atende com padrão de excelência, em cerca de 60 especialidades, disponibilizando desde os procedimentos mais simples até os mais complexos a uma clientela formada, prioritariamente, por pacientes do SUS.
Vinculado academicamente à UFRGS, coloca toda a sua estrutura à disposição para o desenvolvimento das atividades de ensino nos níveis médico, de graduação e pós-graduação, contribuindo para a formação de profissionais altamente qualificados.
Desenvolve, ainda, pesquisas biomédicas, clínicas e epidemiológicas, em sintonia com diversos programas de pós-graduação, contribuindo fortemente para o desenvolvimento e a disseminação de conhecimentos nesta área. Atende milhares de pessoas por mês e há épocas em que sua estrutura se torna pequena para tanta demanda. Faltam médicos e mais leitos. Os pacientes se empilham pelos corredores. E o governo nada faz.
Outro dia estava lendo uma reportagem da imprensa da capital que divulgava um dado estatístico muito preocupante. O levantamento apontava que o Estado do Rio Grande do Sul tem 414 cidades com número de médicos abaixo do recomendável, isto é, está faltando profissionais e esta carência vem prejudicando pessoas de pequenas cidades do interior, a maioria delas distantes de polos regionais. A Organização Mundial da Saúde estipula que o padrão mínimo satisfatório é de um médico para cada mil habitantes. Dos 496 municípios do Rio Grande do Sul, apenas 82 se enquadram dentro da média preconizada pela OMS, os demais estão abaixo da média. Não fiquei sabendo se Erechim está fora dessa estatística. Mas, o importante é que, pelo que sei, a situação não é ainda apavorante como em outros  municípios gaúchos. Ou seja, se uma doença grave ou acidente aparece no meio da noite, a saída do paciente é pegar estrada e vir para Erechim. A situação só não é muito grave graças a dois fatores. O primeiro é que a maioria desses municípios carentes de médicos fica próxima — por vezes, aqui ao lado. É o caso de Erechim, que têm especialistas suficientes para atender a dezenas de localidades vizinhas e dois bons hospitais. Outro atenuante é que a maioria absoluta dos 200 mil gaúchos do Norte do Estado residem num rádio de cerca de 80Kms.
Mesmo assim, basta rodar um pouco pelas estradas gaúchas para perceber que faltam médicos. Por quê? Porque depois de formados, profissionais oriundos de pequenas localidades têm um sonho: clinicar numa grande cidade, Porto Alegre, São Paulo...
Buscam as metrópoles, seja porque a especialidade escolhida não teria clientela numa pequena localidade — o que faria um traumatologista numa cidade com 2 mil habitantes e zero acidente por ano? — seja porque o novo médico gosta de conforto inacessível em pequenos lugares. Isso explica por que Porto Alegre tem média de um médico para cada 119 habitantes — um luxo, quase nove vezes o padrão ONU.
O presidente do Cremers, psiquiatra Rogério Aguiar, diz que o cadastro da entidade evidencia como os médicos estão mal distribuídos no território rio-grandense. Ele atribui isso a causas variadas: os jovens formandos não querem abandonar as "luzes da cidade" e exigem bons equipamentos no local de trabalho.
— Até dispensam bons salários, se puderem ficar numa cidade grande. O Conselho vive recebendo pedidos de prefeituras, carentes de médicos — afirma o Dr. Rogério.
O que falta mesmo é o governo cumprir a lei da aplicação dos 12% na saúde. O resto, com o andar da carroça as melancias se ajeitam!

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