quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


TORRES GONÇALVES

O mestre em História do Brasil, professor Ernesto Cassol, quando ainda estava na Assembleia Legislativa, em uma de suas visitas aquele parlamento, descobriu-me e me dedicou uma prazerosa visita. Sempre admirei o ilustre professor, não só pela sua educação, mas pela inteligência privilegiada, aliada a sua intelectualidade. Natural de Marcelino Ramos, professor da URI - Universidade Regional Integrada, tem várias obras publicadas. A que quero me referir tem por título Carlos Torres Gonçalves, Vida, Obra e Significado, com a qual me presenteou com dedicatória e autógrafo.
Talvez seja a obra mais completa que retrata a vida daquele que foi responsável pela colonização desta região e projetou o mapa de Erechim. É uma biografia completa. Um trabalho de pesquisa como poucos.
Torres Gonçalves que somente tem em sua homenagem uma Rua em Erechim, mereceria muito mais. Durante toda sua vida profissional, foi funcionário da Secretaria de Obras Públicas, chegando a ocupar o cargo de Diretor de Terras e Colonização. Faleceu em 1974 aos 99 anos de idade, em sua residência no Rio de Janeiro de infecção pulmonar e urinária. Torres Gonçalves nasceu na cidade de Rio Grande a 30 de junho de 1875, filho de Da. Virginia Torres Gonçalves, natural da mesma cidade, e do negociante português Joaquim Antonio Gonçalves. Casou aos 28 anos com Dagmar Pereira da Cunha. Era militante do Apostolado Positivista.
No livro do professor Cassol há uma narrativa sobre a família em que Torres Gonçalves manifesta seu grande amor por aquela que viria ser sua mulher: Dagmar. Em uma carta remetida à avó de Dagmar, Carina Flores, ele pede "aprovação explícita à escolha recíproca dos nossos corações", esclarecia: "para mim, o passo que ora dou tem uma significação profundamente religioza. Adepto do Pozitivismo, a doutrina em que procuro inspiração para todfos os atos de minha vida, dele aprendi as santas relizações morais que se déve esperar do laço preliminar para o qual péço, neste momento, a aprovação vóssa e a de minha Mãi, isto é, daquellas que, para Da. Dagmar e para mim, são, respectivamente, as milhóres personificações do Ser Supremo".
E logo adiante: "E tenho o maior prazer em confessar-vos que foi a convicção de ter encontrado Da. Dagmar Aquela a quem o Destino confiou a missão de ensinar-me a mais amar para milhór servir a Humanidade que deu às simpatias que sempre nutri por vossa Néta toda a extensão necessária ao surto de um amor verdadeiramente eterno".
É... já não se ama mais como antigamente!
A transferência de Torres Gonçalves para o Rio de Janeiro deu-se por ocasião de sua aposentadoria, residindo em um apartamento na Praia do Flamengo, Copacabana, a 50 metros do mar, local onde nunca se banhou - conta o autor do livro.
A partir de 1967 Carlos Torres Gonçalves praticamente perde a visão e tem dificuldade para caminhar. A família contrata então um enfermeiro que além de exercer a profissão, torna-se grande amigo e também passa a receber os ditados de Torres Gonçalves nos artigos e livretos publicados até 1972. "Enquanto a cabeça estiver boa, quero viver, mesmo em cima de uma cama", dizia. De fato, a cabeça continuou boa até o fim, até a "transformação" que ocorreu em 19 de junho de 1974, em seu apartamento.
Junto com sua esposa Dagmar, Carlos Torres Gonçalves, repousa no cemitério São João Batista, onde jazem os principais positivistas do Brasil.
As pessoas que desejarem saber mais sobre a vida e obra desse grande engenheiro e colonizador, cuja memória reverenciamos nesta coluna, é só se comunicar com o professor Cassol.

 

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