sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

95 anos
Encontrei caminhando pelas ruas da cidade nesta última quinta-feira o quase centenário, ex-patrão do CTG Galpão Campeiro de Erechim, Basílio Baptista da Silva. Com seus 95 anos e uma lucidez impressionante caminhava lépido pela Valentim Zambonatto, certamente fazendo sua caminhada vespertina para não perder a forma. Eu não o havia reconhecido, pois há cerca de 20 anos não o via, e porque também caminhava distraído pela mesma calçada. Ele foi quem me reconheceu e chamou-me pelo nome. Conversamos por alguns minutos e nos despedimos. Ao apertar-me a mão disse-me a seguinte frase: "ainda quero vê-lo por mais vezes".
O seu Basílio era velho amigo de meu pai, dede a época da Fazenda Três Pinheiros, no então distrito de Quatro Irmãos, de propriedade de Crispim Dias. Uma amizade de mais de 60 anos, aproximadamente.
No trajeto até minha casa vim pensando na longevidade e como algumas pessoas conseguem alcançar avançada idade com saúde e ainda capaz. Lembrei-me dos japoneses.
Historicamente o Japão tem a maior média de expectativa de vida no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das Nações Unidas (ONU), e o segredo não é somente a alimentação, como se pensava. Segundo Kenji Shibuya, professor do departamento de política global de saúde da Universidade de Tóquio, um bebê quando nasce no Japão pode esperar viver até 86 anos se for uma menina, e quase 80 se for menino.
Para alcançar a avançada idade uma das principais ações foi a redução das mortes por acidente vascular cerebral (AVC). ''Isso foi um dos principais impulsionadores do aumento sustentado da longevidade japonesa depois de meados dos anos 1960'', contou o estudioso professor. ''O controle da pressão arterial melhorou através de campanhas, como a de redução do consumo de sal, e uma maior utilização de tecnologias de custo-benefício para a saúde, como medicamentos anti-hipertensivos com cobertura universal do seguro de saúde.''
Os cuidados com a alimentação e prática de atividades físicas, também influenciam.  Além disto, segundo o estudo, os japoneses dão uma atenção à higiene em vários aspectos da vida diária. “Essa atitude pode, em parte, ser atribuída a uma complexa interação de cultura, educação, clima (por exemplo, temperatura e umidade), ambiente (ter água em abundância e ser um país consumidor de arroz) e a velha tradição xintoísta de purificar o corpo e a mente antes de se encontrar com outras pessoas”, diz o estudo. Eles também são conscientes em relação à saúde. No Japão, check-ups regulares são normais e oferecidos em larga escala em escolas e no trabalho, a todos, pelo governo', afirma ainda o estudo. Em terceiro, a comida japonesa tem benefícios nutricionais balanceados e a dieta da população tem melhorado de acordo com o desenvolvimento econômico ao longo das décadas. E uma curiosidade: para o cantor de rua japonês Yu Rikiya, de 68 anos, o segredo é o fato de haver muitas atividades voltadas para pessoas de idade mais avançada. “Essas pessoas têm um motivo toda semana para continuar vivendo. Fazem o que gostam, se divertem e não se estressam”, sugere ele.
Yu Rikiya canta na noite e diz que nunca se preocupou com o avanço da idade. ''Temos acesso a médicos, tratamentos e remédios. Ganho o suficiente para comer e sustentar a família. Saio com amigos para beber e curtir a vida. Então, para que se preocupar?'', questiona, sorrindo.
O lado negativo do sucesso do Japão em conseguir manter a população saudável é o desequilíbrio populacional. Até agora, cerca de 24% da população tem mais de 65 anos.
Mas cálculos do governo apontam que, em 2060, a porcentagem de idosos será de 40%, numa população que se reduzirá dos atuais 127 milhões para 87 milhões. Segundo o estudo, a expectativa de vida deve aumentar ainda mais, chegando a 84 anos para homens e 90 para as mulheres.
Seu Basílio! Foi um prazer reencontrá-lo.
 

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