13/08/2012-16h02
Advogado de Roberto Jefferson afirma que Lula ordenou mensalão
DE BRASÍLIA
Chamando o ex-presidente Lula de
"pateta", "safo", "doutor honoris causa", a
defesa do delator do mensalão Roberto Jefferson afirmou nesta segunda-feira
(13) no STF (Supremo Tribunal Federal) que o petista ordenou a compra de apoio
para compor sua base aliada no Congresso.
O advogado Luiz Corrêa Barbosa pediu que os
ministros transformem o processo do mensalão em diligência para investigar e
denunciar Lula.
A justificativa da defesa é que os empréstimos do
BMG e do Banco Rural ao PT, que teriam irrigado o mensalão, estão ligadas a um
decreto de Lula que permitiu os bancos privados a concederem crédito
consignado.
"É evidente a coligação, o entrelaçamento
entre esses atos", disse o advogado.
Criticando o Ministério Público Federal por ter
deixado Lula de fora da denúncia, o advogado afirmou que os ex-ministros
denunciados José Dirceu, Anderson Adauto, Luiz Gushiken "eram
executivos" a mando de Lula.
Ele disse que Lula "traiu a confiança do
povo", e acusou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de ter
sido omisso ao não denunciar Lula e acusou a Procuradoria de ser uma
"caixa-preta". "Ele [o procurador] não fez seu trabalho, ele se
omitiu."
"Pela prova produzida [pelo Ministério Público
Federal], vai gerar um festival de absolvições, o mandante está fora",
disse. "A prova não permite condenações. Digam ao povo que isso foi coisa
do procurador-geral que se recusa a fazer seu trabalho."
"É claro que Vossa Excelência [o
procurador-geral] não poderia afirmar que o presidente da República fosse um
pateta. Que sob suas barbas isto estivesse acontecendo e que ele não sabia de
nada", afirmou.
Barbosa lembrou que, em uma reunião, Jefferson
alertou Lula sobre o mensalão e que ele chegou a lacrimejar.
"Lula não só sabia, como ordenou o
desencadeamento de tudo isso que ação penal discutiu. Ele ordenou, os ministros
eram executivos dele. Deixaram o patrão fora. Deixaram não, o procurador-geral
deixou. Sua Excelência é quem tem que explicar porque fez isso", afirmou.
Segundo a defesa, Jefferson foi denunciado
"para ser silenciado.
Barbosa diz que Jefferson avisou Lula no início de
2003, mas que nada foi feito. É de receber R$ 500 mil para pagar dívidas de
campanha e R$ 4 milhões numa negociação em que vendeu o apoio do PTB para o PT.
O acordo previa o recebimento de R$ 20 milhões, mas o valor total nunca teria
sido pago.
Jefferson foi cassado pela Câmara em 2005.
Atualmente, ele é presidente do PTB, partido que apoia o governo Dilma Rousseff
no Congresso.
(Fonte: Folha de S.PAulo)
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