Já percebestes quão idiota e injusta é a
morte conosco? Chega sempre sem avisar, acaba com o humor das pessoas e o pior,
não deixa você completar tarefas que foram planejadas. Você marca de ir
encontrar-se com alguém, fazer compras no supermercado, ou reunir-se com amigos
para o cafezinho e bate-papo, e nada do que planeja acontece, e por que?
- A morte não deixa - ela te achou e te
levou sem se quer você se despedir das pessoas que mais gosta; sem você dar um
último beijo na pessoa amada, sem usar o pijama predileto que estava
dobradinho pronto para ser usado... Tudo
porque a morte não deixou.
A morte é idiota, ela é um xiste; um
quadro negro.
A frase bíblica que afirma sermos
criaturas moldadas por Deus do pó da terra e que um dia retornaremos ser pó
novamente, é uma verdade incontestável. Também está escrito no Apocalipse que
com o retorno de Jesus, todos os que foram justos e cumpriram a sua missão na
terra, receberão o galardão do encontro com
ele no céu.
Muitos amigos meus já se foram. A idiota
da morte os levou. Para minha tristeza recebo a notícia do falecimento de um
amigo quase parente, Hely Parenti, (até rimou) cuja personalidade não vou
esquecer. Não é porque morreu que vou dizer que ele era um cara bom, não. Vou
revelar aos leitores o quanto o Hely foi bom pra mim. Era eu jovem ainda. E no
verdor da minha juventude um dia resolvi ser independente, tocar a minha vida
por mim mesmo. Isso remonta a 1952, ganhava o salário mínimo daquela época. Necessitava
ter um lugar para fazer minhas refeições (naquele tempo o Hotel fornecia além
do café da manhã o almoço, aliás magnificamente preparado pela Dona Irene, sua
mãe). O seu Alberto (pai) gerenciava e o Hely era o que servia ás mesas. Pois,
foi ele, o Hely, quem me acolheu e me cobrava um valor simbólico, só para não
dizer que era de graça. Muitas outras vezes parei no seu hotel e ele nada me
cobrava.
Perder um amigo assim, por causa da
morte idiota, é demais.
Falar no que o Hely representou na nossa
sociedade, como atleta do Ypiranga F.C. até sua atividade e liderança política
é relembrar um passado de inúmeras realizações.
Como militante do antigo MDB, depois do
PDT de Brizola, Hely Parenti, foi um dos vereadores mais sérios da nossa Câmara
de Vereadores. Chegou a assumir, quando presidente do legislativo municipal, a
chefia do Executivo, durante o mandato do prefeito Antônio Dexheimer. Foi,
talvez, o único vereador da Câmara que nunca se serviu da verba de
representação (diárias) para o cumprimento de no mandato.
Era um home justo, sensível à aqueles que o recorriam. A última vez que
estive com ele faz exatamente um mês. Nessa última visita encontrei-o animado,
disposto e bem falante, apesar do problema neurológico que o acometera. Até
havia falado que no meu retorno gostaria de vê-lo caminhando pela quadra da
Maurício Cardoso até a Catedral como costumeiramente fazia com seu chapéu e bengala. Mas a
morte idiota não me permitiu.
Fico imaginando o encontro que já deve
ter acontecido do outro lado da vida, com o Élcio Del Fino, Paulo Franklin da
Silva e José Koff, que faziam parte da confraria das sextas-feiras. Com
certeza, a recepção não poderia ser melhor do que aquele churrasco de costela
minga, o prato irresistível de todas as nossas reuniões semanais.
Mas a morte não é o fim. A Bíblia diz em
Isaías 26:19 “Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e
exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre
a terra das sombras fá-lo-ás cair.”
O pó volte à terra de onde veio, e o
espírito [fôlego de vida] volte a Deus, que o deu”. Eclesiastes 12:7.
Me resta dizer aos que hoje pranteiam a
morte do amigo Hely, irmão e irmãs, filhos, netos e demais, meus sentimentos e
minha solidariedade na dor da irreparável perda.
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