terça-feira, 3 de setembro de 2013

ÉS PÓ DA TERRA E UM DIA RETORNARÁS



Já percebestes quão idiota e injusta é a morte conosco? Chega sempre sem avisar, acaba com o humor das pessoas e o pior, não deixa você completar tarefas que foram planejadas. Você marca de ir encontrar-se com alguém, fazer compras no supermercado, ou reunir-se com amigos para o cafezinho e bate-papo, e nada do que planeja acontece, e por que?
- A morte não deixa - ela te achou e te levou sem se quer você se despedir das pessoas que mais gosta; sem você dar um último beijo na pessoa amada, sem usar o pijama predileto que estava dobradinho  pronto para ser usado... Tudo porque a morte não deixou.
A morte é idiota, ela é um xiste; um quadro negro.
A frase bíblica que afirma sermos criaturas moldadas por Deus do pó da terra e que um dia retornaremos ser pó novamente, é uma verdade incontestável. Também está escrito no Apocalipse que com o retorno de Jesus, todos os que foram justos e cumpriram a sua missão na terra, receberão o galardão do encontro com  ele no céu.
Muitos amigos meus já se foram. A idiota da morte os levou. Para minha tristeza recebo a notícia do falecimento de um amigo quase parente, Hely Parenti, (até rimou) cuja personalidade não vou esquecer. Não é porque morreu que vou dizer que ele era um cara bom, não. Vou revelar aos leitores o quanto o Hely foi bom pra mim. Era eu jovem ainda. E no verdor da minha juventude um dia resolvi ser independente, tocar a minha vida por mim mesmo. Isso remonta a 1952, ganhava o salário mínimo daquela época. Necessitava ter um lugar para fazer minhas refeições (naquele tempo o Hotel fornecia além do café da manhã o almoço, aliás magnificamente preparado pela Dona Irene, sua mãe). O seu Alberto (pai) gerenciava e o Hely era o que servia ás mesas. Pois, foi ele, o Hely, quem me acolheu e me cobrava um valor simbólico, só para não dizer que era de graça. Muitas outras vezes parei no seu hotel e ele nada me cobrava.
Perder um amigo assim, por causa da morte idiota, é demais.
Falar no que o Hely representou na nossa sociedade, como atleta do Ypiranga F.C. até sua atividade e liderança política é relembrar um passado de inúmeras realizações.
Como militante do antigo MDB, depois do PDT de Brizola, Hely Parenti, foi um dos vereadores mais sérios da nossa Câmara de Vereadores. Chegou a assumir, quando presidente do legislativo municipal, a chefia do Executivo, durante o mandato do prefeito Antônio Dexheimer. Foi, talvez, o único vereador da Câmara que nunca se serviu da verba de representação (diárias) para o cumprimento de no mandato.
Era um home justo, sensível  à aqueles que o recorriam. A última vez que estive com ele faz exatamente um mês. Nessa última visita encontrei-o animado, disposto e bem falante, apesar do problema neurológico que o acometera. Até havia falado que no meu retorno gostaria de vê-lo caminhando pela quadra da Maurício Cardoso até a Catedral como costumeiramente fazia com seu chapéu e bengala. Mas a morte idiota não me permitiu.
Fico imaginando o encontro que já deve ter acontecido do outro lado da vida, com o Élcio Del Fino, Paulo Franklin da Silva e José Koff, que faziam parte da confraria das sextas-feiras. Com certeza, a recepção não poderia ser melhor do que aquele churrasco de costela minga, o prato irresistível de todas as nossas reuniões semanais.
Mas a morte não é o fim. A Bíblia diz em Isaías 26:19 “Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair.”
O pó volte à terra de onde veio, e o espírito [fôlego de vida] volte a Deus, que o deu”. Eclesiastes 12:7.
Me resta dizer aos que hoje pranteiam a morte do amigo Hely, irmão e irmãs, filhos, netos e demais, meus sentimentos e minha solidariedade na dor da irreparável perda.

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