CHEGA AO FIM NESTA QUINTA-FEIRA O JULGAMENTO DO MENSALÃO
Chega ao seu final nesta quinta-feira o julgamento do
mensalão, com a decisão sobre a quem de fato cabe caçar os mandados dos
deputados condenados por corrupção ligados ao escandaloso processo 470, se ao
STF ou a Câmara dos deputados.
A decisão deveria ter saído nesta quarta-feira, mas por
razões de saúde do ministro Celso de Mello
acabou sendo adiada para amanhã, 13.
Até aqui os julgamentos do Supremo foram de acordo com o que
esperava a sociedade brasileira. Entretanto, os condenados se valeram do
"jus sperniandi", para criticar as decisões do STF, em Blogs, Jornais
e Revistas. José Dirceu, por exemplo, divulgou um manifesto; Jenuíno também
divulgou uma nota, onde afirma que "nesse julgamento transformaram fixão
em realidade. Quanto maior a posição do sujeito na estrutura do poder, maior a
sua culpa. Trata-se de uma brutal inversão dos valores básicos da Justiça".
Stop, Jenuíno. Não é bem assim. Segundo Jenuíno, a
desinversão significa o seguinte: Quanto menor a posição do sujeito na
estrutura, maior a sua culpa. Jenuíno acha que a verdadeira Justiça é aquela
que pune os pequenos e não aquela que pune os grandes. Mas, apesar das pressões
o Supremo, pode se dizer, cumpriu o seu dever.
É como diz o ministro Marco Aurélio: a lei foi aplicada com a
maior austeridade possível, como de resto é o que deve ser.
Se no começo do julgamento o clima era de descrença, o
desfecho do processo se consumiu: mais de 50 sessões e quatro meses provocou
entusiasmo; milhões de brasileiros aplaudiram a condenação de 25 dos 38 réus
julgados. Os mais de 40 debates promovidos pela revista Veja, - e acompanhei
todos eles -, ficou evidente a relevância histórica do julgamento do mensalão.
Os debatedores discordaram de alguns votos, concordaram com
outros, queixaram-se da lentidão do julgamento, mas aprovaram por unanimidade o
desempenho coletivo do Supremo Tribunal Federal.
O STF cumpriu uma tarefa que muitas vezes não seria só dele,
mas em defesa da República.
Os ministros modificaram a jurisprudência sobre alguns crimes
e reinterpretaram leis que até agora impediam a condenação de criminosos do
colarinho branco.
O STF, portanto, condenou os integrantes do mensalão, conforme
as palavras do Procurador Geral da República que qualificou de "sofisticada
organização criminosa" e deixou claro que o que aconteceu foi muito mais
do que um caso de caixa dois, foi uma
tentativa de tomada do Estado que ameaçou, de perto, a sobrevivência da
democracia brasileira.
Na sessão de segunda-feira, o ministro Celso de Mello indicou que vai determinar a cassação do
mandato dos deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP), João
Paulo Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Durante a sessão, ele concordou com
a argumentação dos ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa segundo a qual
seria uma incoerência manter-se mandatos parlamentares de pessoas condenadas
criminalmente por crimes de prisão transitado em julgado.
A decisão deveria ter ocorrido nesta quarta-feira,
mas o ministro Celso de Mello, gripado, se ausentou da sessão plenária. O
julgamento do mensalão foi adiado para esta quinta-feira.
Nesta terça-feira,11, o presidente da Câmara, Marco
Maia (PT-RS) reafirmou a posição de garantir ao plenário da Casa a decisão de
cassar ou não os mandatos. O deputado disse que não vai acatar uma decisão do
Supremo em sentido contrário. Segundo ele, se o STF não cumprir a determinação
constitucional, estará colocando os dois Poderes em conflito.
Não
tenho mais dúvida que nesta quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal dirá que
os condenados no julgamento do mensalão, devem perder os seus mandatos.
Se
tivesse juízo, o presidente da Câmara, Marco Maia, aceitaria a decisão e se
limitaria a endossá-la. Como não tem juízo, ele alega que isto poderá desmoralizar
a Câmara dos Deputados, e faz questão de que os parlamentares deem a última palavra
sobre o assunto. Arrisca-se a um suicídio político. Se os deputados condenados
pelo mensalão forem absolvidos pela Câmara, ai sim, o Congresso estará
desmoralizado por ele mesmo.
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