quarta-feira, 28 de março de 2012

A VULGARIZAÇÃO DO TÍTULO
“O trono está pronto só falta à fantasia”. Esta frase foi escrita pelo colunista da revista Veja, Augusto Nunes, quando escreveu  na época em que Lula foi presidente do Brasil e recebeu o título Doutor Honoris Causa da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
Pois a Câmara Municipal de Erechim está procedendo igualmente, ou seja, banalizando o título de Cidadão Erechinense, a maior condecoração concedida a alguém que não nasceu aqui e que por apresentar relevantes serviços ao município, lhe outorgado essa distinção de ordem honorífica. Não faz muito tempo o jornalista Milton Neves, cronista esportivo de televisão paulista sob o argumento de que em seus programas teria “promovido” o nome do município aos quatro cantos do Brasil, recebeu essa homenagem. Depois que recebeu o título nunca mais falou no Campo Pequeno.
Agora, o Legislativo local por proposição da mesa diretora anuncia homenagem ao presidente da Câmara dos Deputados, com a mesma comenda com o fim de reconhecer aparentes relevantes serviços ao município.
Para fazer jus ao Título de Cidadão Erechinense diz a Resolução da Casa que o indicado “deverá ter contribuído com seu trabalho para o desenvolvimento social, político, cultural e artístico da sociedade, ou seja, relevantes serviços”. No parágrafo quinto, da mesma Resolução que regulamenta a matéria complementa: “...será aberto registro em livro especial, no qual conste detalhadamente as causas que deram origem a homenagem...”
Liberar ou destinar recursos financeiros do Governo federal seja por emenda parlamentar ou outro meio qualquer, a meu juízo, não é serviço relevante. Todos os deputados fazem isso. Pois, se cumprimentar os outros com chapéu alheio é considerado “serviço relevante”, a Câmara de Erechim terá que também homenagear, por exemplo, os deputados Osmar Terra que quando esteve Secretário da Saúde destinou a Erechim vários projetos e recursos para o PIM – Programa da Infância Melhor. O UPA-Unidade de Pronto Atendimento; o SAMU-SALVAR 192; destinou recursos para compra de equipamentos e mobiliários para todas as UBSs-Unidades Básicas de Saúde do município; conseguiu a fundo perdido recursos para o setor do câncer do Hospital Santa Terezinha; sem falar na liberação de um acelerador linear para Rádio Terapia, do mesmo hospital.
Outro parlamentar que também muito tem se dedicado aos assuntos econômicos, sociais e desenvolvimentistas de Erechim e região é Gilberto Capoani, reconhecido até pelos seus adversários. Sem falar no ex-governador Alceu Collares que foi o governador que determinou a ampliação, no seu governo, da bacia de captação de água da Corsan, que graças a isso, com toda a seca que atravessamos não estamos ainda em regime de racionamento?
Nada pessoal contra o deputado Marco Maia, aliás, portador de um belo currículo.
Assim como Lula, de torneiro mecânico em Canoas, chegou à presidência da Câmara Federal e também da República, já tendo assumido por duas vezes o mais alto cargo do país. Mas, para obter a mais alta condecoração do município de Erechim, estaria lhe faltando o fato relevante, que não é somente o que consta na justificativa do Projeto de Lei. Apenas ações parlamentares, benefícios para área social e de infraestrutura, e recursos financeiros da União para suprir demandas de nosso município, que fizeram bem a toda sociedade, sem enumerar o que isso tudo representa,  não é justificativa suficiente para receber a honraria. O              que a sociedade quer ver e saber é obras, portanto, se liberou alguns milhares de reais ao município não fez nada mais, nada menos do que sua obrigação de parlamentar. O deputado fez e faz o que todos fazem. Até aí não há mérito relevante. Há, sim, talvez, o interesse político de ampliar sua votação que foi pouco mais de seis mil votos, na próxima eleição. Eu, se fosse vereador, pensaria duas vezes antes de contribuir para a banalização do Título de Cidadão Erechinense.

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