O
SAPATO
Cerca
de 90% da população mundial usa sapatos. Estou estimando porque não tenho esta estatística
que me indique este percentual exato. O sapato faz parte da indumentária humana,
portanto, quase todo mundo usa sapato.
Ele
serve principalmente para proteger os nossos pés, pois não fosse ele estaríamos
sujeitos a uma série de problemas desde machucaduras até doenças por
contaminação.
Eu,
por exemplo, tenho um sapato que me acompanha há um ano aproximadamente. E como
está comigo o dia inteiro já testemunhou inúmeras situações. Logo, além de pisar
na nas calçadas sujas, andar pelos corredores de hospitais, pelas igrejas, cemitério,
nas salas do meu local de trabalho, nas repartições públicas etc. ele também já,
assistiu reuniões, debates, encontros de amigos, e só não havia ainda, andado
apressadamente a procura de atendimento para uma paciente com uma patologia
depressiva, ou transtorno psicótico. Posso lhes garantir que é problemático nada fácil de resolver para quem
depende da rede pública de saúde. No caso em tela, quando existe o
profissional, (médico psiquiátrico), este não atende pelo Sistema Único de
Saúde., o que é uma falha.
Meu
sapato que sempre me acompanha, esta semana presenciou um fato lamentável. Uma
mulher acometida de surto psicótico teve que ser internada. Não era a primeira
vez - ficamos sabendo, eu e meu sapato, que tal ocorrência de uns tempos para
cá se tornara cada vez mais frequente. Mas, esta semana o caso se agravou de
tal sorte que teve de ser internada duas vezes. Atendida, medicada, volta á sua
casa, e a crise se estabelece novamente. O que fazer?
Eu sei a resposta que o amigo leitor está
pensando. Só que essa sua resposta não é fácil de concretizá-la quando se sabe
que a família não dispõe de recursos e tem que se valer exclusivamente do SUS, além de se ver ás voltas com outras complicações familiares existentes.
O
transtorno psicótico para quem não sabe, deixa o paciente incapacitado
de realizar suas funções sociais e profissionais. Como se trata de um estado
psicótico, na maioria das vezes o paciente se nega estar doente e pode até
admitir que algo não vai bem, que tem algum problema, mas de forma alguma
admite que o problema é mental.
Muitos
desses surtos são acompanhados de eventos estressantes como perda de pessoa
querida, do emprego, não consegue auxílio doença no INSS, mudança de cidade ou ambiente social etc. O período mínimo de duração desse transtorno é
de 48h, segundo a literatura médica. Abaixo disso, o diagnóstico é outro.
Conversando
com um médico amigo ele me explicou que o comportamento desses pacientes
torna-se desorganizado, não acaba o que começa e o que faz muitas vezes não tem
sentido. Veste-se inadequadamente, não atende os apelos dos familiares,
recusa-se em colaborar com o que é preciso. O sono, como em todos os
transtornos psicóticos fica diminuído. O senso de perigo pode ser perdido,
deixando o fogo da cozinha aceso, a porta da rua aberta, permitindo que
crianças brinquem com facas afiadas... Alguns pacientes tornam-se repetitivos
nos gestos e nas suas palavras. Surgem personagens inexistentes das fantasias
delirantes ou das alucinações auditivas, com que o paciente se relaciona. As
vezes com rituais com cunho religioso são entoados ou criados pelos pacientes.
Diversas outras manifestações podem surgir, os quadros psicóticos costumam ser
muito variados, só alguns foram citados aqui.
É
por isso e muito mais, que eu e meu sapato estamos preocupados com o desfecho do
caso que presenciamos. Como se vê, não é fácil lidar com uma pessoa que sofre de
transtorno psicótico.
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