sábado, 1 de junho de 2013

O SAPATO
Cerca de 90% da população mundial usa sapatos. Estou estimando porque não tenho esta estatística que me indique este percentual exato. O sapato faz parte da indumentária humana, portanto, quase todo mundo usa sapato.
Ele serve principalmente para proteger os nossos pés, pois não fosse ele estaríamos sujeitos a uma série de problemas desde machucaduras até doenças por contaminação.
Eu, por exemplo, tenho um sapato que me acompanha há um ano aproximadamente. E como está comigo o dia inteiro já testemunhou inúmeras situações. Logo, além de pisar na nas calçadas sujas, andar pelos corredores de hospitais, pelas igrejas, cemitério, nas salas do meu local de trabalho, nas repartições públicas etc. ele também já, assistiu reuniões, debates, encontros de amigos, e só não havia ainda, andado apressadamente a procura de atendimento  para uma paciente com uma patologia depressiva, ou transtorno psicótico. Posso lhes garantir que é problemático nada fácil de resolver para quem depende da rede pública de saúde. No caso em tela, quando existe o profissional, (médico psiquiátrico), este não atende pelo Sistema Único de Saúde., o que é uma falha.
Meu sapato que sempre me acompanha, esta semana presenciou um fato lamentável. Uma mulher acometida de surto psicótico teve que ser internada. Não era a primeira vez - ficamos sabendo, eu e meu sapato, que tal ocorrência de uns tempos para cá se tornara cada vez mais frequente. Mas, esta semana o caso se agravou de tal sorte que teve de ser internada duas vezes. Atendida, medicada, volta á sua casa, e a crise se estabelece novamente. O que fazer?
Eu  sei a resposta que o amigo leitor está pensando. Só que essa sua resposta não é fácil de concretizá-la quando se sabe que a família não dispõe de recursos e tem que se valer exclusivamente do SUS, além de se ver ás voltas com outras complicações familiares existentes.
O transtorno psicótico para quem não sabe, deixa o paciente incapacitado de realizar suas funções sociais e profissionais. Como se trata de um estado psicótico, na maioria das vezes o paciente se nega estar doente e pode até admitir que algo não vai bem, que tem algum problema, mas de forma alguma admite que o problema é mental.
Muitos desses surtos são acompanhados de eventos estressantes como perda de pessoa querida, do emprego,  não consegue auxílio doença no INSS, mudança de cidade ou ambiente social etc.  O período mínimo de duração desse transtorno é de 48h, segundo a literatura médica.  Abaixo disso, o diagnóstico é outro.
Conversando com um médico amigo ele me explicou que o comportamento desses pacientes torna-se desorganizado, não acaba o que começa e o que faz muitas vezes não tem sentido. Veste-se inadequadamente, não atende os apelos dos familiares, recusa-se em colaborar com o que é preciso. O sono, como em todos os transtornos psicóticos fica diminuído. O senso de perigo pode ser perdido, deixando o fogo da cozinha aceso, a porta da rua aberta, permitindo que crianças brinquem com facas afiadas... Alguns pacientes tornam-se repetitivos nos gestos e nas suas palavras. Surgem personagens inexistentes das fantasias delirantes ou das alucinações auditivas, com que o paciente se relaciona. As vezes com rituais com cunho religioso são entoados ou criados pelos pacientes. Diversas outras manifestações podem surgir, os quadros psicóticos costumam ser muito variados, só alguns foram citados aqui.
É por isso e muito mais, que eu e meu sapato estamos preocupados com o desfecho do caso que presenciamos. Como se vê, não é fácil lidar com uma pessoa que sofre de transtorno psicótico.

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