ACABEM-SE
OS PARTIDOS POLÍTICOS
Começam a pipocar na mídia brasileira
inúmeras sugestões, após as manifestações contra o preço do transporte público
e outras pautas que levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas de todo o
Brasil, em protestos nos quais militantes de partidos políticos e movimentos
sociais foram hostilizados, o próprio governo que aí está etc.
Ouvi na semana passada pela TV-Senado o
pronunciamento do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Durante seu discurso ele
defendeu, no plenário do Senado, o fim
dos partidos. Segundo o senador, essa seria uma boa resposta aos protestos
ocorridos pelo país inteiro. “ Hoje, nada unifica mais todos os militantes e
manifestantes do que a ojeriza, a desconfiança, a crítica aos partidos políticos.
Talvez seja a hora de dizermos: estão abolidos todos os partidos. E vamos
trabalhar para saber o que é que a gente põe no lugar”, disse o senador eleito
por Brasília.
Quem sou eu para contestar a tese do
senador por Brasília.
Uma democracia não funciona sem
partidos. Não conheço nenhum país no mundo que viva em regime democrático que
não tenha partido político. Que os partidos políticos no Brasil parecem clubes eleitorais, isto sim, é verdade. Não
existe nada ainda que substitua partidos. Mais, os atuais partidos não são
partidos, são ajuntamentos de pessoas que se lançam para tirar benefícios
próprios. Desses políticos que hoje nos representam tanto na Câmara como no
Senado, são poucos, muito poucos os que não têm redes de televisão, de rádio,
de jornal, ou ligação com banco, e muito mais, principalmente no Norte do
Brasil.
A reforma política é algo que tem que
esquentar já, aproveitando essa onde de protestos e descontentamentos. Ela
teria que vir através da criação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para
fazer em um ano a reforma. Uma das soluções seria a criação de novas legendas
com a reforma política. Podem até manter a mesma sigla, mas têm que se criar
uma identidade ideológica.
Já que o artigo 17 da Carta Magna afirma
ser “livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos”,
desde que “resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo”, pois que assim seja. Outra ideia: acho até que deveríamos
ter eleições avulsas, isto é, permitir que pessoas sem partido se candidatem.
Os atuais partidos estão falidos, o povo
não quer mais saber deles. Você, hoje, só é candidato se aceitar os acordos
internos dos partidos e só recebe apoio se dançar conforme a música da
orquestra.
O Senador Buarque de Holanda tem toda
razão. Os partidos existentes hoje são partidos de mentirinha. Aliás quem fez
tal afirmação foi o Ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, concluindo que
os atuais partidos que nada representam, servem apenas para aglomerar políticos
interesseiros e fisiologistas. Existe partido mais fisiologista do que o PMDB?
Não preciso nem argumentar. Com a reforma política, é claro que novos partidos
serão criados, partidos que realmente representem uma ideia, uma filosofia, um
pensamento patrocinado por parte dos cidadãos brasileiros no sentido de
melhorar a vida da nação. É preciso urgentemente a convocação de uma Assembleia
Constituinte exclusiva para modificar o Sistema Político Eleitoral. Não podemos
deixar passar esta oportunidade de reivindicação do povo brasileiro.
Outra coisa que teria de acabar é a
obrigatoriedade do cidadão votar, e que o voto em branco não privilegiasse a legenda partidária que estaria
vencendo. Os votos, branco e nulos, deveriam ser considerados como tal. Nesse
jogo de cartas marcadas, quem sai perdendo é sempre o povo.
O gigante acordou. Esta foi e continua
sendo uma das frases mais usadas em
milhares de cartazes. Pois já que ele despertou não deixemos que durma
novamente. Que continue esperto, cada vez mais esperto.
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