domingo, 16 de junho de 2013



UM PUM QUE RESULTOU EM PROCESSO
Como prometi, segue a baixo a estória contada por um Promotor de Justiça que passou por maus bocados em uma audiência onde um “pum” resultou em processo. A estória é a seguinte: Um Promotor de Justiça do Rio de Janeiro atendendo um pedido do Procurador Geral de Justiça (Chefe do Ministério Público) da época ligou e pediu para que ele, o Promotor, colaborasse com uma colega da comarca vizinha que estava enrolada com os processos e audiências dela. Lá foi ele prestar solidariedade à colega. Chegou e combinou que ficaria com os processos criminais e ela faria as audiências e os processos cíveis. Foi quando ela pediu para, naquele dia, ele fizesse as audiências, aproveitando que já estava ali. O crime era ato obsceno. Lendo os autos ficou sabendo que um cidadão cometeu uma ventosidade intestinal em local público, ou em palavras mais populares, soltou um "pum", dentro de uma agência bancária e o guarda de segurança incomodado, deu voz de prisão em flagrante ao cliente porque entendeu que ele fez aquilo como forma de deboche da figura do segurança, de sua autoridade. Imagina se todo pum do mundo se transformasse num processo? O cheiro dos fóruns seria insuportável. Eis a audiência:
Juiz – Consta aqui da denúncia oferecida pelo Ministério Público que o senhor no dia x, do mês e ano tal, a tantas horas, no bairro h, dentro da agência bancária Y, com vontade livre e consciente de ultrajar o pudor público, praticou ventosidade intestinal, depois de olhar para o guarda de forma debochada, causando odor insuportável a todas as pessoas daquela agência bancária, fato, que, por si só, impediu que elas pudessem ficar na fila.
Esses fatos são verdadeiros?
Réu – Não entendi essa parte da ventosidade…. o que é mesmo?
Juiz – Ventosidade intestinal.
Réu – Ah sim, ventosidade intestinal. Então, essa parte é que eu queria que o senhor me explicasse direitinho.
O Juiz não percebeu que o réu não estava entendendo nada do que ele estava dizendo.
Réu – O guarda estava lá, eu estava na agência, me lembro que ninguém mais ficou na fila, mas eu não roubei ventosidade de ninguém não senhor. Eu sou um homem honesto e trabalhador, doutor juiz.
Juiz - Ninguém está dizendo que o senhor roubou no banco, mas que soltou uma ventosidade intestinal. E então, são verdadeiros ou não esses fatos.
Réu – Quais fatos? O juiz como que perdendo a paciência e alterando a voz repetiu.
– Esses que eu acabei de narrar para o senhor. O senhor não está me ouvindo?
Réu – To ouvindo sim, mas o senhor pode repetir, por favor. O juiz, visivelmente irritado, repetiu a leitura da denúncia e insistiu na tal da ventosidade intestinal, mas o réu não alcançava o que ele queria dizer. O Promotor resolveu então ajudar, e pediu a palavra pela ordem. É só para dizer ao o réu que ventosidade intestinal é um peido. Ele não está entendendo Excelência, o significado da palavra técnica daquilo que todos nós fazemos: soltar um pum. O juiz  deu aquele riso de canto de boca e perguntou, de novo, ao réu se tudo aquilo era verdade e eis que veio a confissão.
Réu – Ahhh, agora sim que eu entendi o que o senhor quer dizer.
Juiz – Muito bem. Agora que o doutor Promotor já explicou, o que tem para me dizer sobre esses fatos? São verdadeiros ou não? Juiz adora esse negócio de verdade real.
Réu – Ué, só porque eu soltei um pum o senhor quer me condenar? Vai dizer que o senhor nunca peidou? Que o Promotor nunca soltou um pum? Que a dona moça aí do seu lado nunca... (ele se referia a secretária do juiz. Resultado: O Promotor pediu a absolvição do réu alegando que o fato não era crime, sob pena de termos que ser todos processados criminalmente neste País, inclusive, o juiz que recebeu a denúncia e a promotora que a fez. Moral da história: foram três horas perdidas com um processo por causa de um "pum".

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