UM PUM QUE
RESULTOU EM PROCESSO
Como prometi,
segue a baixo a estória contada por um Promotor de Justiça que passou por maus
bocados em uma audiência onde um “pum” resultou em processo. A estória é a
seguinte: Um Promotor de Justiça do Rio de Janeiro atendendo um pedido do Procurador
Geral de Justiça (Chefe do Ministério Público) da época ligou e pediu para que
ele, o Promotor, colaborasse com uma colega da comarca vizinha que estava
enrolada com os processos e audiências dela. Lá foi ele prestar solidariedade à
colega. Chegou e combinou que ficaria com os processos criminais e ela faria as
audiências e os processos cíveis. Foi quando ela pediu para, naquele dia, ele fizesse
as audiências, aproveitando que já estava ali. O crime era ato obsceno. Lendo
os autos ficou sabendo que um cidadão cometeu uma ventosidade intestinal em
local público, ou em palavras mais populares, soltou um "pum", dentro
de uma agência bancária e o guarda de segurança incomodado, deu voz de prisão
em flagrante ao cliente porque entendeu que ele fez aquilo como forma de
deboche da figura do segurança, de sua autoridade. Imagina se todo pum do mundo
se transformasse num processo? O cheiro dos fóruns seria insuportável. Eis a
audiência:
Juiz – Consta aqui da
denúncia oferecida pelo Ministério Público que o senhor no dia x, do mês e ano
tal, a tantas horas, no bairro h, dentro da agência bancária Y, com vontade
livre e consciente de ultrajar o pudor público, praticou ventosidade
intestinal, depois de olhar para o guarda de forma debochada, causando odor
insuportável a todas as pessoas daquela agência bancária, fato, que, por si só,
impediu que elas pudessem ficar na fila.
Esses fatos são
verdadeiros?
Réu – Não entendi essa
parte da ventosidade…. o que é mesmo?
Juiz – Ventosidade intestinal.
Juiz – Ventosidade intestinal.
Réu – Ah sim, ventosidade
intestinal. Então, essa parte é que eu queria que o senhor me explicasse
direitinho.
O Juiz não percebeu que o
réu não estava entendendo nada do que ele estava dizendo.
Réu – O guarda estava lá,
eu estava na agência, me lembro que ninguém mais ficou na fila, mas eu não
roubei ventosidade de ninguém não senhor. Eu sou um homem honesto e
trabalhador, doutor juiz.
Juiz - Ninguém está
dizendo que o senhor roubou no banco, mas que soltou uma ventosidade
intestinal. E então, são verdadeiros ou não esses fatos.
Réu – Quais fatos? O juiz
como que perdendo a paciência e alterando a voz repetiu.
– Esses que eu acabei de
narrar para o senhor. O senhor não está me ouvindo?
Réu – To ouvindo sim, mas
o senhor pode repetir, por favor. O juiz, visivelmente irritado, repetiu a
leitura da denúncia e insistiu na tal da ventosidade intestinal, mas o réu não
alcançava o que ele queria dizer. O Promotor resolveu então ajudar, e pediu a
palavra pela ordem. É só para dizer ao o réu que ventosidade intestinal é um
peido. Ele não está entendendo Excelência, o significado da palavra técnica
daquilo que todos nós fazemos: soltar um pum. O juiz deu aquele riso de canto de boca e perguntou,
de novo, ao réu se tudo aquilo era verdade e eis que veio a confissão.
Réu – Ahhh, agora sim que
eu entendi o que o senhor quer dizer.
Juiz – Muito bem. Agora
que o doutor Promotor já explicou, o que tem para me dizer sobre esses fatos?
São verdadeiros ou não? Juiz adora esse negócio de verdade real.
Réu – Ué, só porque eu
soltei um pum o senhor quer me condenar? Vai dizer que o senhor nunca peidou?
Que o Promotor nunca soltou um pum? Que a dona moça aí do seu lado nunca...
(ele se referia a secretária do juiz. Resultado: O Promotor pediu a absolvição
do réu alegando que o fato não era crime, sob pena de termos que ser todos
processados criminalmente neste País, inclusive, o juiz que recebeu a denúncia
e a promotora que a fez. Moral da história: foram três horas perdidas com um
processo por causa de um "pum".
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