20 DE SETEMBRO
Concluídas as comemorações
da Semana da Pátria, ingressamos em outra festividade cívico-cultural, a Semana
Farroupilha, ocasião em que são exaltados os feitos dos gaúchos na Revolução
Farroupilha ocorrida em 1835, que segundo alguns historiadores não foi, como
parece ao primeiro exame, um movimento provinciano e separatista. Ao
contrário, nacional e universalista. E interessante, os mais destacados
pregadores e chefes da República Rio-grandense não eram gaúchos: Domingos José
de Almeida, Ministro da República era
mineiro e cognominado "cérebro da revolução"; Marciano Pereira
Ribeiro, presidente da Província após o golpe de 20 de Setembro, outro mineiro;
João Manoel de Lima e Silva, general comandante do exército republicano,
fluminense; José Mariano de Matos, Ministro da República, fluminense, José
Pinheiro de Ulhoa Cintra, Ministro da República, mineiro; Antônio Coelho de
Souza, tenente-coronel do exército republicano, paulista; padre Inácio
Francisco Xavier dos Santos, vigário da república, pernambucano. Depois tinham
os estrangeiros: Tito Livio de Zambeccari, conde, geógrafo, filólogo e
jornalista, italiano; Luís Rosseti, jornalista, italiano; José Garibaldi,
comandante em chefe da esquadrilha republicana, italiano; D. André Lamas,
diplomata uruguaio;D. Manoel Ruedas, jornalista, argentino.
A Guerra dos Farrapos foi um
grande surto ideológico como o fdoram a Guerra da Independência, na Nova
Inglaterra; a Grande Revolução na França; a Conjuração Mineira, a Revolução
Pernambucana, a Revolução Baiana, no Brasil etc... A República inspirou e
arrastou os próceres dessas insignes epopéias, à vitória ou ao sacrifício
supremo. Alguns foram decapitados, , outros tombaram a tiros de fusil; todos,
porém, triunfaram, quando a posteridade lhes realizou os nobres e grandiosos
intentos. Não devemos, pois, esquecê-los e, muito menos, desprezá-los. Somos,
hoje, o que, ontem, eles desejaram . Tudo creditemos à sua bravura e aos fatos.
Os farrapos lutaram contra o
poderio monárquico e jamais contra a nação brasileira, de que eram parte
integrante.
O maior herói do Estado foi
o general farrapo Bento Gonçalves da Silva, Foi ele que, por dez anos, entre 1835 a 1845 comandou o
maior dos conflitos enfrentados pelo império brasileiro no século 19.
Vale a pena recuar a essa
década de guerra e de histórias de amor. Pela importância, até hoje esse
episódio vivido pelos gaúchos é o mais conhecido nacionalmente. Em 1834, a
Província de São Pedro do Rio Grande do Sul tinha 150 mil habitantes. Porto
Alegre a capital, tinha cerca de 15 mil. Os estancieiros, que forneciam os
principais produtos, estavam revoltados. O charque é caro por causa das altas
taxas de importação.
Os impostos sobre légua de
terra são cada vez mais pesados. O charque dos castelhanos ganha facilidade na
alfândega brasileira. O imposto sobre o sal é alto. Fernandes Braga era o
presidente da província, nomeado pelo Império. E o comandante das armas era o
marechal Sebastião Barreto. Os dois governam com mão de ferro. Logo se tornaram
inimigos de Bento Gonçalves, deputado federalista e coronel das milícias, filho
de um rico estancieiro. O Rio Grande do Sul fica dividido entre farrapos e
caramurus. Instalado na Estância do
Cristal, Pedras Brancas, hoje município de Guaíba, Bento Gonçalves conspira e
cria estratégias militares. Tem, entre os companheiros, Domingos de Almeida,
Lima e Silva, Bento Manoel, Onofre Pires, David Canabarro. No dia 19 de
setembro de 1835, Onofre Pires e seus 400 homens, entre eles o Cabo Rocha,
derrotam os imperiais comandados pelo Visconde de Caramuru. Bento Gonçalves
atravessa o Guaíba e no dia 20 de setembro, desfila pelas ruas de Porto Alegre
como chefe do exército de ocupação. Fernandes Braga foge para Rio Grande.
Estava começando a guerra que iria durar dez anos. Aqui em Erechim a Semana
Farroupilha é comemorada sob os auspícios dos vários CTGs. O acampamento na
esplanada do Seminário de Fátima já é uma tradição de sucesso e um dos grandes
eventos regionais que recebe turistas de vários estados do país.
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