quinta-feira, 28 de junho de 2012


UM PAÍS JUSTO SE CONSTRÓI VALORIZANDO

A EDUCAÇÃO

                                    “Ilegal não é a greve dos professores.
                                    Ilegal é não cumprir o piso nacional do magistério,
                                    uma lei já aprovada e em vigor”.

Queria fazer um rápido comentário sobre o conjunto de greves que ocorrem hoje pelo país, em primeiro lugar as greves dos servidores e professores das universidades públicas federais.

 Nas universidades federais, os docentes, técnicos administrativos e estudantes, mais de 90% das  Instituições Federais de Ensino Superior – estão em greve. Dessas categorias, a primeira a deflagrar o movimento foi a dos professores. Eles estão em greve há mais de um mês e tentam negociar com o governo uma proposta de plano de carreira. É a única categoria que não teve sua carreira estruturada. É bom lembrar que hoje um professor universitário de qualquer país europeu recebe, no começo da carreira, dez vezes mais que qualquer professor universitário no Brasil, e no final de carreira, recebe de vencimento vinte vezes mais que qualquer professor universitário brasileiro.

Um país que é a quinta economia do planeta, que quer se arvorar e se incluir entre as chamadas nações desenvolvidas, não alcançará essas metas enquanto menos de um terço de sua população não tiver acesso ao ensino superior, e os seus professores, os profissionais responsáveis por pesquisa, ensino e extensão, não forem valorizados. Não é difícil imaginar o que sente um professor de uma universidade pública que ganha um salário que não chega a metade da remuneração dos servidores que integram as chamadas carreiras típicas de Estado, principalmente das áreas de arrecadação e fiscalização, e que têm, um papel tão importante quanto essas rotuladas carreiras típicas.

A prioridade, lamentavelmente, continua sendo o pagamento dos juros da dívida pública brasileira e o financiamento da redução das áreas sociais.

 É inadmissível que a educação, o ensino, a pesquisa e extensão; a saúde, a previdência social, o meio ambiente, dentre outras áreas estratégicas para o desenvolvimento, sofram arrocho salarial e discriminação. Não é o caminho certo não atender e não ouvir os professores.

Desde 2010 a questão essencial para a categoria é a reestruturação da carreira, com a incorporação de diversas gratificações, ou seja, os professores, na verdade, estão reivindicando até aquém do que merecem.

Nós não construiremos um país justo sem educação.

O Brasil é um dos países da América Latina que não decretou ainda o fim do analfabetismo. \a Nicarágua, Bolívia, Venezuela e Cuba já o fizeram. Além de amargar um horrendo índice de quase 9% de sua população analfabeta, ainda paga um dos piores salários para professores das universidades federais e do ensino básico.

Você sabia que temos hoje  no país todo, ausência de professores de física, química e biologia? É porque essas áreas não têm sido atrativas para esses profissionais. O Congresso aprovou, há pouco tempo, um piso salarial nacional para o magistério. Pois, a lei,  continua sendo questionada e descumprida pela maioria dos estados e municípios brasileiros.

Sem valorizar o magistério, seja melhorando a sua formação, aumentando de forma continuada seus salários, seja estabelecendo carreiras atrativas, não será possível dar um salto de qualidade na educação. Se é ilegal a greve pela reivindicação do piso, como dizem alguns, também ilegais não são os governos estaduais que não pagam o piso nacional salarial, uma conquista de todos os professores? Ilegal é não cumprir o que as duas Casas do Congresso Nacional já decidiram.


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