OS LEITORES NAS IGREJAS
Resisti para escrever sobre os leitores
nas Igrejas, mas hoje foi a gota d'àgua. Sempre fui frequentador da Igreja Pão
dos Pobres, em Porto Alegre por "n" razões. Foi a primeira igreja que
entrei quando cheguei a capital há cerca de 18 anos; foi nela que meu filho fez
a primeira eucaristia e, mais tarde, foi elevado a coroinha numa cerimônia
ritualística muito bonita e inesquecível. A igreja estava lotada, era um
domingo. O padre celebrante, permitiu que ao final eu falasse e expressasse
toda a minha alegria por viver aquele momento. Depois disso passei a ser o
narrador das leituras nas missas. Um domingo fazia a primeira a leitura, em
outro a segunda, no próximo as preces da comunidade, enfim virei leitor oficial
das missas. E isso me dava prazer, porque permitia que na interpretação dos
textos eu orasse a Deus com maior fervor e respeito. Foi uma situação particular que nunca vou
esquecer, assim como, não vou deixar de recordar o último domingo de ramos.
Depois de dois anos ao regressar a Porto
Alegre, voltei a minha antiga Igreja. Encontrei-a fisicamente igual, mas os
padres não eram os mesmos e muito menos os colaboradores denominados ministros
e coroinhas. A Igreja Pão dos Pobres é frequentada por 99,9% de pessoas da
terceira idade em diante, por deficientes, cadeirantes, gente de muletas,
portanto, gente diferente.
E aqui o meu desapontamento: quando
todos estávamos acomodados no interior do templo, eis que o padre manda que
todos saíssem do templo e se postassem, para a procissão de entrada, cada um
levando consigo um galho de ramos. Já não gostei, pois considerando que aquelas
pessoas, muitas das quais com dificuldades para andar, bem que poderiam ter o
privilégio de permanecer no seu local.
Como não houve o anúncio que de que poderiam
ficar nos seus lugares, todos foram para
fora da Igreja. Mas o pior veio mais tarde. Para a leitura da passagem bíblica
que conta a entrada triunfal de Jesus no final de seu ministério em Jerusalém,
montado em um burrico, faltou o brilho necessário na leitura do extenso texto
com a participação de vários interlocutores, inclusive dos assistentes. Pela
deficiência de um dos narradores que além de não saber ler, confundiu-se por várias
vezes saltando linhas do texto, criando uma verdadeira confusão, não
suportei e deixei o templo. Não deu para aguentar.
Culpa tem a equipe de liturgia da igreja
que não prepara antecipadamente uma cerimônia tão importante como aquela. Tudo
na base da improvisação. Não pode ser assim!
Outra observação: não existe mais o
órgão, imprescindível nas cerimônias religiosas para harmonizar os cantos e dar
maior brilho. Que pena! É por isso que as pessoas se afastam do comparecimento
às missas. É certo que quando se vai a missa o importante é a oração, e a
ligação que fazemos com Deus através dela, mas quando os atores da cerimônia
não cumprem uma atuação absorvente e convidativa, a concentração dos fiéis
deixa de ser interessante.
Acho que às equipes de liturgia precisam
urgentemente rever seus quadros de cooperadores e melhor avaliar quem
verdadeiramente pode fazer o uso da palavra, afinal um bom leitor sempre torna
a cerimônia mais solene e expressiva.
A missa deste
domingo foi a primeira de uma série de eventos de celebração da Páscoa, a
semana mais importante do calendário da Igreja Católica.
Na próxima
quinta-feira, acontecerá a cerimônia do lava pés. Em Roma, esse acontecimento
costuma ser celebrado em uma catedral, com padres representando os apóstolos de
Cristo. Segundo a antiga tradição cristã, durante a missa, o papa lava e beija
os pés de 12 pessoas, para replicar a transcrição bíblica do gesto de humildade
de Cristo diante de seus apóstolos uma noite antes de ser crucificado. Esse
gesto é repetido em todas as igrejas do mundo.
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