DESILUSÃO
POLÍTICA
A política para uns é como se diz na gíria "uma cachaça", a maioria dos que entram não querem sair porque ao político, diferentemente do cidadão comum, goza de certas regalias que muitos executivos empresariais não possuem.
Estava lendo os jornais do fim de semana
e encontrei uma notícia que dava conta do desapontamento de um deputado
estadual da nossa Assembleia Legislativa, diante da impossibilidade - segundo
ele - de conseguir "resolver coisas. Não me serve mais", declarou.
E foi mais incisivo nas suas colocações
do porquê da sua desesperança e desengano: "não irei mais concorrer a
reeleição em 2014 porque estou desencantado com
o parlamento. Não sinto nem vontade de ocupar a tribuna".
Eu não tiro a razão do deputado Alvaro
Boessio (PMDB). Nos dias atuais o deputado estadual não passa de um
despachante. Foi-se o tempo em que o parlamentar podia destinar verba para essa
ou aquela instituição, como fazem os deputados federais. Cada um tem sua cota
fixa anual de onde saem as tais emendas parlamentares. O estadual não tem.
Tinha. Então o que faz além de apresentar projetos? Fiscalizar os atos do
governo, discursar, promover reuniões, marcar audiências, prestar homenagens e
oferecer medalhas e títulos, e fica por aí.
Deputado estadual, no dizer de Álvaro
Boessio, não resolve coisa nenhuma.
Vou dar um exemplo: O ex-presidente da
Assembleia do Rio Grande do Sul, Alexandre Postal (PMDB), antes de deixar o
cargo em dezembro, e por decisão da então mesa diretora, determinou o pagamento
de débitos para com servidores da Casa, que foram sacrificados ainda na época
do famigerado presidente Fernando Collor de Mello, em cálculos sobre
vencimentos em cima das famosas URVs. A Justiça recebeu pilhas e pilhas de
ações contra o desaforado erro, que prejudicou milhares de funcionários
públicos estaduais. Essas ações vinham se arrastando há cerca de dez anos na Justiça.
Numa medida saneadora e até humana do
deputado presidente Alexandre Postal, houve a compreensão do erro cometido e
mandou pagar essas diferenças, para se livrar de uma vez por todas das centenas
de ações na Justiça. Só que fez a comunicação para a habilitação dos
funcionários ativos, inativos, aposentados, exonerados, Cargos de Confiança
(CCs) e até falecidos, através do Diário Oficial. Pergunta-se: quem lê Diário
Oficial no interior do Estado?
O prazo para a habilitação venceu em 7
de dezembro, e mais da metade dos habilitantes por desconhecimento da medida
ficaram de fora. Aqueles que por falta de informação e ainda estão por receber
somam quase 500. As últimas informações dão conta de que verba existe para
liquidar a questão, depende apenas da atual presidência ter a boa vontade de
mandar pagar. Só isto. E não há quem sensibilize sua excelência o presidente Pedro
Westphalen (PP) pegar a caneta, assinar e mandar pagar.
Ora, se até para resolver as questões
internas o deputado é impotente e não tem autoridade, pra que ser deputado?
Por isso e muito mais estou de acordo
com Alvaro Boessio, muitas vezes é frustrante e desanimador ser deputado
estadual, ou melhor, despachante estadual.
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