segunda-feira, 4 de março de 2013


DESILUSÃO POLÍTICA

A política para uns é como se diz na gíria "uma cachaça", a maioria dos que entram não querem sair porque ao político, diferentemente do cidadão comum, goza de certas regalias que muitos executivos empresariais não possuem.

Estava lendo os jornais do fim de semana e encontrei uma notícia que dava conta do desapontamento de um deputado estadual da nossa Assembleia Legislativa, diante da impossibilidade - segundo ele - de conseguir "resolver coisas. Não me serve mais", declarou.

E foi mais incisivo nas suas colocações do porquê da sua desesperança e desengano: "não irei mais concorrer a reeleição em 2014 porque estou desencantado com  o parlamento. Não sinto nem vontade de ocupar a tribuna".

Eu não tiro a razão do deputado Alvaro Boessio (PMDB). Nos dias atuais o deputado estadual não passa de um despachante. Foi-se o tempo em que o parlamentar podia destinar verba para essa ou aquela instituição, como fazem os deputados federais. Cada um tem sua cota fixa anual de onde saem as tais emendas parlamentares. O estadual não tem. Tinha. Então o que faz além de apresentar projetos? Fiscalizar os atos do governo, discursar, promover reuniões, marcar audiências, prestar homenagens e oferecer medalhas e títulos, e fica por aí.

Deputado estadual, no dizer de Álvaro Boessio, não resolve coisa nenhuma.

Vou dar um exemplo: O ex-presidente da Assembleia do Rio Grande do Sul, Alexandre Postal (PMDB), antes de deixar o cargo em dezembro, e por decisão da então mesa diretora, determinou o pagamento de débitos para com servidores da Casa, que foram sacrificados ainda na época do famigerado presidente Fernando Collor de Mello, em cálculos sobre vencimentos em cima das famosas URVs. A Justiça recebeu pilhas e pilhas de ações contra o desaforado erro, que prejudicou milhares de funcionários públicos estaduais. Essas ações vinham se  arrastando há cerca de dez anos na Justiça.

Numa medida saneadora e até humana do deputado presidente Alexandre Postal, houve a compreensão do erro cometido e mandou pagar essas diferenças, para se livrar de uma vez por todas das centenas de ações na Justiça. Só que fez a comunicação para a habilitação dos funcionários ativos, inativos, aposentados, exonerados, Cargos de Confiança (CCs) e até falecidos, através do Diário Oficial. Pergunta-se: quem lê Diário Oficial no interior do Estado?

O prazo para a habilitação venceu em 7 de dezembro, e mais da metade dos habilitantes por desconhecimento da medida ficaram de fora. Aqueles que por falta de informação e ainda estão por receber somam quase 500. As últimas informações dão conta de que verba existe para liquidar a questão, depende apenas da atual presidência ter a boa vontade de mandar pagar. Só isto. E não há quem sensibilize sua excelência o presidente Pedro Westphalen (PP) pegar a caneta, assinar e mandar pagar.

Ora, se até para resolver as questões internas o deputado é impotente e não tem autoridade, pra que ser deputado?

Por isso e muito mais estou de acordo com Alvaro Boessio, muitas vezes é frustrante e desanimador ser deputado estadual, ou melhor, despachante estadual.

 

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