Começa nesta
terça-feira o conclave que escolherá o novo pontífice católico, em substituição
a Bento XVI que renunciou dia 28 de fevereiro último. Cento e quinze cardeais
compõe o colégio eleitoral. Hoje pela manhã está sendo realizada uma missa na
basílica de São Pedro e a tarde todos os cardeais entram para o conclave. Tudo
é decidido no mais absoluto sigilo. Apenas dois cardeais não participarão do
conclave: o indonésio Julius Riyadi Darmaatmadja, por motivos de saúde, e o
escocês Keith O'Brien, que renunciou por razões pessoais, após reconhecer
condutas sexuais impróprias nos anos 1980.
É provável que o
novo papa seja escolhido e anunciado ao mundo ainda antes da Páscoa. Na escolha
de Bento XVI, em 2005, os cardeais decidiram a escolha em apenas dois dias. Mas
já houve casos em que a eleição durou três meses e meio, foi na escolha de Pio
VII, em 1799. O local onde será feita a escolha do sucessor de Pedro é a Capela
Sistina, antiga Capela Magna, restaurada pelo papa Sisto IV, entre 1477 e 1480.
No seu interior estará reunido o colégio cardinalício formado por 115 cardeais
que, num processo eleitoral próprio escolherá o sucessor de Bento XVI. A Capela
Sistina, local do conclave é de uma magnificência e grandiosidade ímpares. Ela
está situada no Palácio Apostólico, residência oficial do papa na Cidade do
Vaticano. É famosa pela sua arquitetura, inspirada no Templo de Salomão, do
Antigo Testamento, e sua decoração é toda em afrescos. Um dos maiores gênios
artísticos de todos os tempos, Michelangelo Buonarroti pintou afrescos na
abóboda e Juízo Final em 1482. Na primeira missa, Sisto IV consagrou-a em honra
a Nossa Senhora da Assunção, em 15 de agosto de 1483. A parede do altar foi
destinada a conservar a maior pintura na qual Michaelangelo dedicou todo o seu
engenho e força: O Juízo Final. Hoje é o local onde se realiza o conclave,
processo pelo qual um novo Papa é escolhido. Precisamente, na parede esquerda,
a partir do altar, estão as cenas do Velho Testamento a representar: Moisés a
caminho do Egito e a circuncisão de seus filhos, obra de Pinturicchio; Cenas da
Vida de Moisés, de Botticelli; Passagem do Mar Vermelho, de Cosimo Rosselli;
Moisés no Monte Sinai e a Adoração do Bezerro de Ouro, de Rosselli; A Punição
de Korah, Natan e Abiram, de Botticelli; A Morte de Moisés, de Lucas
Signorelli. Na parte direita, também a partir do altar, as cenas do Novo
Testamento: O Batismo de Jesus, de Pinturicchio; Tentação de Cristo e a
Purificação do Leproso, de Botticelli; Vocação dos Apóstolos, de Ghirlandaio e
o Sermão da Montanha, de Rosselli. É difícil acreditar que tenha sido obra de
um só homem, pois dispensara os assistentes que havia contratado inicialmente,
insatisfeito com a produção destes, e que o mesmo ainda encontraria forças
para, duas décadas depois, retornar ao
local e pintar na parede do altar.
Foi o papa
Nicolas II quem instituiu, em 1509, um decreto tornando a participação na
votação exclusiva aos cardeais. Antes disso, era o clero e o povo quem apontava
o representante máximo da Igreja Católica. Quando o novo pontífice é eleito,
ele recebe um nome especial para honrar uma tradição iniciada ainda com o
primeiro líder da Igreja Católica. Segundo a historiografia cristã, Jesus mudou
o nome do pescador Simão, um dos seus apóstolos, quando o escolheu para ser seu
representante na terra, dizendo: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei minha igreja". Simão se tornou São Pedro e desde então cada
papa eleito indica o nome que lhe agrada. Cada cardeal indica o colega que quer
como papa e vota secretamente num cálice. No fim de cada rodada, os votos são
contados e queimados. Quando um cardeal atinge dois terços mais um dos votos,
ou a maioria simples, o camerlengo pergunta ao vitorioso se ele aceita ser papa
e qual nome deseja usar. Depois vai ao balcão de pregações na Basílica de São
Pedro e diz a famosa frase: Habemus papam, ou seja, "temos um papa".
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