sábado, 7 de janeiro de 2012

RIFA DO BURRO
Certa vez três meninos, foram ao campo e, por 100 reais, compraram o burro de um velho camponês. O homem combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte. Mas quando eles voltaram para levar o burro, o camponês lhes disse: Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu. Então devolva-nos o dinheiro!
Não posso, já o gastei todo. Então, de qualquer forma, queremos o burro. E para que o querem? O que vão fazer com ele?
Nós vamos rifá-lo. Estão loucos? Como vão rifar um burro morto?
Obviamente não vamos dizer a ninguém que ele está morto. Um mês depois, o camponês se encontrou novamente com os três garotos e lhes perguntou: E então, o que aconteceu com o burro? Como lhe dissemos, o rifamos. Vendemos 500 números a 2 reais cada um e arrecadamos 1.000 reais.
E ninguém se queixou? Só o ganhador. Porém lhe devolvemos os 2 reais e ficou tudo resolvido.  Os meninos cresceram e fundaram um banco, uma igreja (que vocês sabem qual é) e o último tornou-se presidente de um importante tribunal. Só vou dar as iniciais: AA, EM e GM.
A imprensa publica que funcionários da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul ao retornarem as atividades, após o recesso, devem pressionar os deputados pelo fato de terem sido retirados de seus salários abonos e outros penduricalhos, por decisão da Mesa Diretora, obedecendo ao apontamento do Tribunal de Contas. Os funcionários querem que o TC aponte também todos os servidores que são contratados pelos parlamentares e não comparecem ao trabalho. Os cargos de gabinetes, denominados de confiança, são em número de sete. Os deputados para agradar seus nepotes, além desses, podem elevar o número até 20, obviamente, repartindo os salários que já são fixados. Eles chamam de desdobramento de cargos. Isto é, de um cargo fazem dois ou até mais. E nessa divisão, são nomeados aqueles chamados protegidos, que trabalharam na campanha e ficam mamando na teta, como pagamento pelo trabalho desempenhado. É assim que funciona. Quando não, há os chamados laranja, são os que apenas emprestam o nome, são nomeados, e no final do mês repassam o valor do salário ao próprio parlamentar. Isso é que o Tribunal de Contas deveria apontar também. É uma indecência tão grande que só não enxerga, quem não tem olhos para ver. Na Câmara dos Deputados existiu um parlamentar do Estado de Goiás que sustentava um time de futebol do interior, só com nomeações de jogadores, preparador físico, treina dor e supervisor utilizando verbas de gabinete. O supervisor tinha salário na época (1977) de R$ 1.800. Naquele tempo a soma dos gastos com jogadores e do supervisor atingiam R$ 6.100, cerca de mais de 20 mil hoje. Não sou eu que digo, é o jornalista Lucio Vaz, no seu livro “A Ética da Malandragem”. Se você conseguir em alguma livraria este livro compre-o e leia. É uma radiografia impecável dos subterrâneos do parlamento brasileiro, com seus detalhes hilariantes e sórdidos. Leitura obrigatória para quem nunca entrou no Congresso e para quem acha que o conhece como a palma da mão. O jornal Folha de São Paulo chegou a publicar em setembro de 97 uma reportagem sob título “Verba de gabinete paga time de futebol”. Nesse mesmo dia o assunto foi abertura da coluna política do Correio Braziliense. O presidente da Câmara, Michel Tamer (PMDB-SP) ao ler a notícia divulgou em seguida nota oficial informando que o corregedor da Casa, Severino Cavalcanti (outro pilantra), iria apurar os fatos relatados pela Folha, “tendo em vista a possível infringência das normas que definem a quebra de decoro parlamentar”. No dia seguinte a Mesa Diretora recomendou à Comissão de Constituição e Justiça a suspensão temporária e não remunerada do deputado por 30 dias. Passado pouco mais de um mês da suspensão o deputado encontrou-se com o repórter Marcelo autor da matéria na sala de cafezinho ao lado do plenário, dirigiu-se a ele e disse: preciso lhe agradecer. Você garantiu a minha reeleição. Fizeram uma enquete na rádio sobre sua matéria (contratação de jogadores pelo meu gabinete), e 90% dos entrevistados apoiaram a minha decisão. Só se fala nisso na cidade. O deputado foi realmente reeleito em 1998, com 55 mil votos, com mais de 20 mil votos a mais em relação à eleição anterior. Moral da história: quanto mais sem vergonha mais crédito tem!

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