quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

HISTÓRIAS INESQUECÍVEIS
Nas minhas viagens ao passado tenho constatado muitas histórias que merecem ser lembradas. O Euclides Tramontini, uma das legendas do rádio local, proporcionou-me num desses fins de tarde, em encontro casual, recordar o início do rádio em Erechim em 1947 com a instalação da Rádio Erechim Z.Y.F-7. Nossa conversa durou seguramente cerca de uma hora, em plena Av. Maurício Cardoso.
O Tramontini, hoje com seus 81 anos de idade, mas completamente lúcido e bom papo, foi o terceiro gerente nomeado para dirigir a “Pioneira” quando tinha apenas 22 anos de idade, sem nunca ter sonhado com microfone, mesa de som, transmissor etc. Quem o encaminhou para o emprego foi seu tio que exercia na época a gerência do Banco do Estado do Rio Grande do Sul e era amigo do diretor da rede das Emissoras Reunidas Ltda., Arnaldo Balvée. Ele substituiu Olmes Leguizzamo, um bajeense que residiu entre nós por vários anos.
As lembranças da década de 50 e 60, por ele contadas até sua exoneração, foram inúmeras.
Uma delas, (e vale o registro) foi quando o clube verde rubro da baixada como era denominado o C.E.R. Atlântico, venceu por 2 x 1 o representante de Passo Fundo naquela cidade pelo campeonato estadual de amadores. O Tramontini auxiliado pelo Milton Doninelli, numa façanha incrível, transmitiu o jogo por meio de dublagem. Foi algo fantástico, do ponto de vista da criatividade, quando não se tinha na época, condições técnicas de uma transmissão via linha telefônica. Imaginem só: o telefone era de manivela (magneto) e a linha física (fio) sem contar o proibitivo custo para uma transmissão externa intermunicipal , além da burocracia existente até a liberação do serviço. Era muito complicado. Pois, ele e o Milton engenharam a irradiação do jogo através da dublagem. Talvez tenha sido a primeira vez que um radialista tivesse usado essa técnica áudio-vocal instantânea para transmissão de um jogo de futebol. Um rádio receptor foi instalado na casa do Miltion, e com fones aos ouvidos, ambos narraram e comentaram, respectivamente, para os desportistas locais todo o desenrolar do jogo. Pela primeira vez na história do rádio local alguém se atreveu a realizar tamanha façanha. Hoje é comum o narrador de rádio transmitir jogo vendo pela TV, mas pelo rádio não era nada fácil.
Outro registro fenomenal. Euclides Tramontini lembrou também a transmissão feita por ele de um evento social realizado da sede do C.E.R. Atlântico que quase lhe custou à vida. O salão estava repleto de associados, aguardava apenas abertura do baile com uma orquestra especialmente contratada. Ao iniciar a transmissão pelo serviço interno de som e concomitantemente pela emissora, sem imaginar o perigo que lhe aguardava, apanhou ambos os pedestais dos microfones, o do som ambiente e o outro da emissora, fechando um curto circuito. O choque foi tão forte que o deixou preso, sem que pudesse se livrar da terrível situação, até que um dos presentes, Nilo Lorenzoni, teve a lucidez de correr até a tomada de luz e puxar o cabo de energia. Foi uma correria formidável! Atendido pelo médico Dr. Garramones e lhe dado um gole de Wiski, já refeito, lá foi o Tramontini para a apresentação inicial do baile.
- Quase morri!
Depois vieram outras histórias. Lembrou também os corridões que me dava quando era um guri de 15 anos e que, deslumbrado pelo rádio, substituía as escondidas o funcionário Wilson Cesar Moreira (Baixinho, ex-jogador do Ypiranga) na mesa de som. Talvez pela minha persistência e teimosia, mesmo corrido por ele, acabei mais tarde sendo seu funcionário de 1952 até 1962. Lá se vão 59 anos.
Como o tempo passa depressa!

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