segunda-feira, 3 de outubro de 2011

HORÁRIO DE VERÃO
E vem aí a chatice do horário de verão. Tem quem gosta e tem quem não gosta. Devemos estar preparados para o dia 16 adiantar os nossos relógios em uma hora. Houve quem quisesse acabar, num passado não muito distante, com o Decreto Lei que criou a mudança do horário, mas até hoje não logrou êxito.
Do ponto de vista biológico essas mudanças podem prejudicar a nossa saúde? É o que muitos perguntam.
A pneumologista Lia Rita Azeredo Bittencourt, presidente da Sociedade Brasileira de Sono responde: “Nós fomos biologicamente programados para dormir à noite”, diz ela. A ausência de luz, a queda de temperatura do corpo e a secreção da melatonina (um neuro-hormônio responsável por regular o sono) são fatores que ocorrem nesse período e contribuem para o descanso. “Pesquisas demonstram que, durante o dia, as pessoas dormem menos e com menor qualidade, já que o sono costuma ser mais fragmentado, enfatiza a pneumologista.
As conseqüências para o organismo humano são imediatas: fadiga, sonolência durante o dia, déficit de atenção, de memória e raciocínio, além de predisposição a problemas cardiovasculares e metabólicos.
“O indivíduo pode ter hipertensão arterial, arritmias e outras doenças cardíacas, devido ao aumento de substâncias estressoras (catecolaminas) no organismo e por não haver descanso fisiológico suficiente do sistema cardiovascular, ou seja, a redução da pressão arterial e da freqüência cardíaca que ocorre à noite”, alerta a pneumologista.
Segundo informações da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, as doenças mais freqüentes em quem trabalha à noite, por exemplo, são as de origem gastrintestinal (como azia, má digestão, úlceras gástricas, irritações do cólon e dificuldades em manter a regularidade intestinal), além das ligadas ao sistema cardiovascular. Pesquisas revelam também uma maior possibilidade de desenvolvimento de câncer de mama e de colorretal nesses profissionais. É justamente porque a temperatura corporal está mais baixa que o ser humano sente sono durante a madrugada. Quando a pessoa passa várias noites acordada e dorme durante o dia, a curva da temperatura se altera, não subindo muito durante o dia, nem descendo muito à noite. Como a temperatura não diminui na intensidade ideal durante o dia, a pessoa tem dificuldade em cair no sono e mantê-lo. A presença de luz nesse horário atrapalha ainda mais o descanso — pois é no escuro que o corpo produz o hormônio melatonina, regulador do sono. Dormir cada dia em um horário diferente, portanto, deixa o relógio biológico mais confuso. É por isso que o ser humano deve se habituar a dormir sempre nos mesmos horários, ainda que durante o dia. “Se o sono não ocorre na hora ideal, pelo menos que seja regular. Sem falar na mudança de horário de alimentação, o café da manhã, almoço e janta, por exemplo.
O Horário de Verão foi instituído pela primeira vez no Brasil no verão de 1931/1932. Até 1967 sua implantação foi feita de forma esporádica e sem um critério científico mais apurado. Após 18 anos sem que o Horário de Verão fosse instituído, essa medida voltou a vigorar no verão de 1985/86, como parte de um elenco de ações tomadas pelo governo devido ao racionamento ocorrido na época por falta d’água nos reservatórios das hidrelétricas. Desde então o horário de verão passou a ocorrer todos os anos. O principal objetivo da implantação do Horário de Verão é o melhor aproveitamento da luz natural ao entardecer, o que proporciona substancial redução na geração da energia elétrica, em tese equivalente àquela que se destinaria à iluminação artificial de qualquer natureza, seja para logradouros e repartições públicas, uso residencial, comercial, de propaganda ou nos pátios das fábricas e indústrias. A redução média de 4 a 5% no consumo de energia no horário de pico durante os meses do Horário de Verão, normalmente de outubro a fevereiro, gera outros benefícios ao setor elétrico e a sociedade em geral, decorrente da economia de energia associada. Quando a demanda diminui, as empresas que operam o sistema conseguem prestar um serviço melhor ao consumidor, porque os troncos das linhas de transmissão ficam menos sobrecarregados. Para as hidrelétricas, a água conservada nos reservatórios poderá ser de grande valia no caso de uma estiagem futura, e para os consumidores em geral, o óleo diesel ou combustível ou o carvão mineral que não precisou ser usado nas termelétricas evitará ajustes tarifários.

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