quarta-feira, 12 de outubro de 2011

AS GREVES
 Uma das classes mais desprezíveis e ordinárias deste país é a dos banqueiros. São os que mais lucram e menos distribuem riquezas; são os que mais ganham e mais sufocam seus funcionários com míseros salários; são os que pelo seu poderio econômico mais mandam neste país e os que menos pagam impostos. E é por causa de uma política de torniquete salarial imposta aos seus funcionários, que a população inteira paga caro por uma greve que não lhes diz respeito. Todos nós pagamos por ela.
A greve dos bancários, embora exista o serviço automatizado nas agências, causa, sim, transtornos à sociedade, principalmente aquelas pessoas menos esclarecidas que dependem de atendimento pessoal.
Aliás, não estaria na hora dos políticos reverem o direito de greve nos serviços essenciais, como banco, saúde, transporte coletivo, educação, correio etc?
Nessa refrega entre Banco x Bancário, o sindicalismo bancário acusa os banqueiros de intransigência e de embromação. A Fenaban por sua vez diz que a categoria não tem do que reclamar, que ela “há muito tempo recebe aumento real”. Os banqueiros também culpam a “crise mundial” para justificar a sua recusa em atender as demandas dos trabalhadores.
Realmente, o cinismo dos banqueiros é inaceitável. A lucratividade do sistema financeiro cresceu 550% nos últimos oito anos – de R$ 34 bilhões, nos dois reinados de FHC, para R$ 170 bilhões nos dois governos de Lula. No mesmo período, os bancários tiveram apenas 56% de reajuste salarial. No primeiro semestre deste ano, todos os bancos voltaram a bater recordes de lucratividade. O Bradesco anunciou R$ 5,4 bilhões de lucro, 21,7% a mais do que o mesmo período de 2010. O Banco do Brasil, R$6,2 bilhões; a Caixa Econômica Federal, R$1,7 bilhões; Itaú Unibanco, R$ 7,1 bilhões; e o Santander, R$ 4,1 bilhões (25% do seu lucro mundial). No outro extremo, os bancários recebem salários de fome e o assédio moral atinge patamares desumanos. Se bem que os dados não são atuais, mas dá para ter uma idéia segundo estudo da própria Fenaban, como o banqueiro está ganhando cada vez mais. O total de operações realizadas pelo sistema financeiro cresceu 85,6%, entre 2000 e 2006, passando de 19,8 bilhões de operações para 36,7 bi. No mesmo período, a rede de atendimento dos bancos cresceu 148 % e a de correspondentes bancários, 431,9 %. Ou seja: os bancários trabalham muito mais, mas não são compensados no salário. Na sua ambição por lucros, os bancos ainda abusam da rotatividade no emprego para rebaixar salários. Estudo do Dieese mostra que 65% das contratações no primeiro trimestre ficaram concentradas entre 2 e 3 salários mínimos; já 75,44% dos dispensados recebiam salários acima de quatro mínimos. Os bancos demitiram 8.947 trabalhadores e contrataram 6.851 com salários mais baixos. A maioria dos novos contratados (70%) é de jovens entre 18 e 24 anos. E as mulheres são as maiores vítimas da gula dos banqueiros. Nos primeiros três meses do ano, a diferença de remuneração média entre homens e mulheres aumentou para 24%.
Não somos contra a greve, mas não pode durar “ad eternun”. Por que o governo não chama os banqueiros à mesa de negociação e exija uma solução?
Outra observação: greve não é pick-nick. Muitas pessoas vieram me falar, que os grevistas bem que poderiam fazer seu movimento, mas sem chimarrão, sandwich e cadeira de praia em frente à porta das agências. Pega mal. Um cidadão classificou de deboche tais atitudes.
Enquanto escrevia sobre a greve dos bancários o noticiário da noite desta terça-feira dava contra que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinava, depois de julgamento do dissídio coletivo, o encerramento da greve dos Correios a partir da 0h desta quinta-feira (13). Os ministros também autorizaram a empresa a descontar no salário dos grevistas o equivalente a sete dias de greve e os demais 21 dias de paralisação devem ser compensados com trabalho extra nos fins de semana sem remuneração. No caso de descumprimento da determinação, a multa diária estabelecida foi R$ 50 mil.
Os funcionários dos Correios estavam em greve há 28 dias. Quase 150 milhões de correspondências deixaram de ser entregues durante a paralisação.


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