domingo, 12 de maio de 2013

A FRAUDE DO LEITE
A descoberta da fraude do leite na ação conjunta entre fiscais do Ministério da Agricultura e o Ministério Público chega às raias da indignação popular. Tudo por causa da ganância, lucro fácil e em prejuízo da saúde da população. O ministro presidente do STF - Supremo Tribunal Federal –Joaquim Barbosa falou uma frase que é um verdade: “nossas leis são frouxas”. E o são mesmo. Talvez por isso tanto abuso. Chamou-me a atenção a maneira como os autores da fraude em Ibirubá se comunicavam. Eles usavam a emissora de rádio local pela deficiência do sinal telefônico celular. A comunicação do grupo então, era feita através de pedido de uma música da dupla Chitãozinho e Xororó, que segundo o promotor Mauro Rochembach, servia de código para informar que o carregamento do leite fraudado estava seguindo para o local determinado, e que, portanto, o receptador deveria comparecer. Dessa forma, os criminosos também avisavam os motoristas dos caminhões que não era para chegar ao entreposto e evitar descarregar o produto quando havia fiscalização.
Esta inteligente  maneira de comunicação, (não deixa de ser), me faz lembrar um fato ocorrido na cadeia municipal, que funcionava nos porões da Prefeitura há muitos anos. Um estelionatário ao ser preso deixou avisado ao delegado que iria fugir. E fugiu, utilizando o horário em que a Rádio Erechim, na época, irradiava um programa de dedicatórias, que possibilitava aos ouvintes oferecerem músicas pelo aniversário natalício, casamento, bodas de prata, ouro, ou outro motivo qualquer. Pois, no dia da fuga o estelionatário comprou quase o programa todo, e mandava dedicar a Marselhesa, a diferentes pessoas, obviamente, todas com nomes fictícios. Naquela tarde-noite a música francesa tocou repetidamente cerca de 15 vezes. Os presos naquele tempo podiam possuir um aparelho de rádio na cela. Durante a execução da Marselhesa com o volume do rádio um tanto alto, para não se ouvir o ruído da serra, a cada compasso da música, ele movimentava a serra contra as grades. Ninguém percebeu e, de fato, ele evadiu-se. Essa história é verídica. Depois, chegando em Joaçaba-SC, enviou pelo correio ao delegado as três barras de ferro que havia serrado, com um bilhete que dizia: Senhor Delegado, cumpri a promessa que lhe fiz. Estas grades por não me pertencerem estou devolvendo para que Vossa Senhoria recoloque-as no mesmo lugar. Atenciosamente... Portanto, antes da quadrilha do leite de Ibirubá usar a tática da música como código um estelionatário erechinense já havia descoberto há 50 anos. Mas, o que causa repulsa é o nosso Código Penal, velho e escanzurrado pelo tempo ser tão bondoso para esse tipo de crime. Os envolvidos vão ser enquadrados por formação de quadrilha (pena mínima de um ano, de acordo com o artigo 288 do Código Penal) e pelo crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, que prevê pena mínima de quatro anos de reclusão, segundo o artigo 272 do Código Penal. Não se surpreendam se não responderem em liberdade.
Lendo o artigo escrito pelo jornalista e escritor Celito de Grande, em jornal de grande circulação no estado, neste final de semana, sobre os momentos vividos por ele durante o assalto de que foi vítima, lembrei-me do dia em que também fui assaltado. Após sua habitual caminhada no Parque Marinha do Brasil, pela manhã com um pouco de nevoeiro, ao término do exercício resolveu sentar em um banco para respirar o ar da manhã, puro e saudável. Sem perceber, dois jovens se aproximaram e roubaram o seu relógio, alguns trocados em dinheiro e o celular. Não usaram de violência. No meu caso, foi mais ou menos parecido. Estava na parada do ônibus que me transportava na época até o meu local de trabalho e um motoqueiro com uma jovem na garupa parou ás minhas costas, e com um revólver apontado para minha cabeça pediu a pasta que levava meu gravadorzinho, uma pequena Bíblia, celular, relógio, documentos pessoais, cartão bancário e até meus óculos de grau. Pedi que pelo menos deixassem meus óculos de grau que usava, mas o rapaz respondeu-me malvadamente: cala a boca. A gente, realmente, numa hora dessas fica a mercê do bandido, não há como se defender, e se reagir podemos perder a vida.

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