domingo, 4 de setembro de 2011

O BEM  PAGA-SE COM O BEM
Após o sete de setembro comemorativo a Independência do Brasil, outro fato histórico de relevância especialmente para os gaúchos, foi a Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha. Por isso, também, a realização de muitas solenidades em todo o Estado. O gaúcho festeja a data de 20 de setembro durante uma semana e reverencia seus grandes heróis: Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, David Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos e claro, Giuseppe Garibaldi.
Em nossa cidade há o Acampamento Farroupilha instalado na esplanada do Seminário de Fátima que transcende outras comemorações do gênero tradicionalista no Rio Grande do Sul.
Durante uma semana, os gaúchos do Norte do Estado convergem para Erechim para participar e conviver com as tradições gaúchas, além de poder, durante o acampamento, saborear comidas típicas, shows artísticos, apresentações de grupos de dança, poesia, trovas e tudo mais.
O Acampamento Farroupilha nasceu de uma idéia de um grupo de gaúchos que deu certo. No local estão sendo construídos cerca de 40 galpões e um grande palco para as apresentações durante a semana comemorativa, que vai de 9 a 19 do corrente mês.
Os organizadores esperam contar este ano com mais de 60 mil visitantes.
Entre tantas histórias, dos personagens da Guerra dos Farrapos, uma merece um sintético comentário. Relaciona-se com a vida íntima do general Manuel Luís Osório, que nasceu em 10 de maio de 1808, em terras que pertenciam à Vila de Nossa Senhora da Conceição do Arroio (RS), e, que, posteriormente, tomou o nome de Osório, pelo motivo do seu nascimento naquelas plagas. Por ser um território muito extenso, foi dividido em dois: um abrangendo o litoral, o qual foi denominado Tramandaí; e outro o interior, que permaneceu com o nome de Osório. Embora tivesse lutado ao lado dos rebelados (Farrapos), depois da declaração da República Rio-grandense, mudou de idéia e passou a lutar junto com as tropas imperiais do Brasil, por isso não é muito festejado.
Osório foi criado na fazenda do avô materno. Seu pai, Manuel Luís da Silva Borges, filho do casal descendente de açorianos Pedro Luís e Maria Rosa da Silveira, ambos naturais da freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, na ilha de Santa Catarina, era um destacado e condecorado militar que lutou no Uruguai nas guerras de 1811 e no período de 1816 a 1821. Sua mãe, Ana Joaquina Luísa Osório, filha do tenente Tomás José Luís Osório e de Rosa Inácia Joaquina Pereira de Sousa, era natural de Santo Antônio da Patrulha e vinha de família proprietária de terras. A gleba de seus pais situava-se próxima à Lagoa dos Barros, local onde hoje está o Parque com o seu nome.
Contam os historiadores que depois do término da Revolução Farroupilha, certo dia Osório dirigia-s, á cavalo, a cidade de Caçapava, e no caminho encontrou um cavaleiro desconhecido que lhe fez companhia durante a viagem. Este cavaleiro desconhecido notou que Osório estava cabisbaixo, desanimado, e perguntou-lhe o que o atormentava. O general relutou, mas dada a insistência do companheiro contou-lhe que as terras que pertenciam á sua família seriam penhoradas, caso não pagasse uma dívida existente. E que sua ida a Caçapava era para conversar com o credor a fim de negociar, pois segundo ele, era a única saída.
O cavaleiro que o acompanhava respondeu que se era aquele o problema estava resolvido, já que também ia à cidade para cobrar uma dívida e que, portanto, somente iria trocar de devedor.
Dito isto, passou a relatar ao general Osório, que sua mãe, Ana Joaquina, foi quem lhe salvara da morte, pois como soldado das tropas contrárias, ao ser perseguido ela o escondeu em sua casa. Como reconhecimento, portanto, estava oferecendo o valor suficiente para que o general Osório quitasse a dívida das terras não deixando que a propriedade da família fosse penhorada.
“O bem, paga-se com o bem”, disse ao general.
Que exemplo!
Manuel Luís Osório era o quarto filho de uma família de 14 filhos.
Faleceu em 4 de outubro de 1879, no Rio de Janeiro, aos 71 anos de idade. O seu nome está inscrito no Livro de Aço, no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília (DF).

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