sábado, 10 de setembro de 2011

AS DUAS CARAS DO PT
Quando o PT gaúcho e nacional está no poder mostra medo da imprensa, não sei por que. Nas ditaduras é o primeiro a levantar bandeiras a favor da liberdade de expressão e opinião, ou seja, critica na condição de oposição por uma suposta falta de independência, e no poder tenta cooptar cargos e pede a demissão de jornalistas. É tudo muito engraçado!
O PT, portanto, tem dois comportamentos distintos, para não dizer duas caras. Na oposição critica que tudo é mal administrado, acha defeito em tudo, cria problemas do tamanho de um bonde. No poder, é o Joãozinho do passo certo e acometido da síndrome da perseguição.
A regulamentação dos meios de comunicação, aprovada pelo Partido dos Trabalhadores em seu recente congresso em Brasília, foi o assunto da semana em todo o País. O documento de 25 páginas aprovado, fazia menção à “regulação dos meios de comunicação” e não poupou a imprensa de ataques. “O jornalismo marrom de certos veículos, que às vezes chega a práticas ilegais, deve ser responsabilizado toda vez que falsear os fatos ou distorcer as informações para caluniar, injuriar ou difamar”, diz o texto. A reação foi tão grande que até mesmo a presidenta Dilma, que é do PT, criticou a posição do seu partido. Por isso o PT resolveu mudar o documento e falar sobre a proibição de monopólios no setor.
O deputado federal Paulo Pimenta, o mesmo que quer a extinção dos jornalistas provisionados, pois é dele o Projeto de Lei de Emenda Constitucional (PEC) que determina para exercer a profissão de jornalista tem que ter diploma, considera “absurdas” as acusações de que o partido estaria tentando controlar a mídia. Pimenta afirma que “Tudo é uma tentativa de confundir a opinião pública”.
É muita hipocrisia, deputado!
Será que ninguém está se dando conta que o PT quer instalar no país o stalinismo?
Pois bem. É público e notório que a mídia eletrônica no Brasil é incontestavelmente um oligopólio de poucos grupos empresariais, a saber, Rede Globo, SBT, Record e Band. A legislação (leia-se o Código Brasileiro de Telecomunicações) não estabelece limites à concentração e à propriedade cruzada dos meios de comunicação, gerando uma espécie de coronelismo eletrônico. A Globo é dona da Sky/DirectTV. A Band tem participação na Cabo Mais, e assim sucessivamente.
Se formos olhar a mídia como um todo, vemos ainda mais concentração. Em Pernambuco, por exemplo, o Diário de Pernambuco pertence a um grupo que retransmite a Band (TV Clube), o Jornal do Commercio retransmite o SBT (TV Jornal) e assim por diante. Os mesmos grupos controlam também as rádios (Rádio Clube, Rádio Jornal etc). No campo da mídia impressa, mais concentração. A Globo é dona do Jornal O Globo e da Editora Globo, que edita a revista Época. Os irmãos Civita controlam a Editora Abril (revista Veja) e a TV por assinatura TVA (muito popular no Sudeste). Maior parte das rádios está nas mãos de políticos (deputados e senadores).
Ou seja, nesse sistema latifundiário, temos poucos grupos controlando cerca de 90% da mídia brasileira, numa relação que envolve, sobretudo, muito tráfico de influência.
Qual a postura do PT em relação a isso? Em dezembro de 2009, o governo federal promoveu e realizou a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) da história desse país, uma conquista não apenas para jornalistas, mas para toda a sociedade. A Confecom teve a participação de 2,1 mil pessoas. Os principais veículos de comunicação e suas entidades (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão – Abert, Associação Nacional de Jornais – ANJ etc), obviamente, não compareceram. Por que será?
A conferência aprovou 672 propostas. Entre elas: a que estabelece um “mecanismo de fiscalização, com controle social e participação popular” em atividades da mídia; a que cria os conselhos Nacional de Comunicação Federal e Jornalismo; a que defende uma nova lei de imprensa e a volta da exigência do diploma para o exercício do jornalismo; e a que tenta proibir que políticos sejam donos de emissoras de TV. São propostas que podem virar projetos de lei ou basear políticas públicas.
Mas, mais triste é perceber que, enquanto o PT assalta, ao estilo MST, espaços democráticos, a oposição deixa de lado os exemplos dados de desprezo pela democracia para se dedicar a domar pulgas em caixas de fósforos, tentando vender à platéia do Circo Brasil a idéia de que estas seriam elefantes amestrados. Será que alguém ainda tem dúvida disso?

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