QUE
BARBARIDADE!!!!!!
Como
continuar acreditando num país, cujas lideranças e suas altas autoridades agem
livre e descaradamente contra ao que todo o brasileiro quer e deseja? - JUSTIÇA... JUSTIÇA... JUSTIÇA...
Leia o que Augusto Nunes, da revista Veja publica:
O desmentido que confirma
“Não ouvi tudo o que foi conversado”, desconversou
Nelson Jobim ao ser procurado por VEJA, depois de confessar que agendara o
encontro entre Lula e Gilmar Mendes, ocorrido no escritório que mantém em
Brasília. Passados alguns dias, o anfitrião da reunião que ampliou o prontuário
de Lula esqueceu a versão da surdez malandra. Descobriu que ouviu tudo, mas não
ouviu nada de errado.
Ao jurar que não ajudou o protetor de pecadores a
estabelecer um novo recorde no campo do cinismo, Jobim produziu o desmentido
que confirma. Articulador e testemunha de uma conversa que virou caso de
polícia, o ex-presidente do Supremo e ex-ministro da Defesa foi cúmplice de um
crime. Só lhe resta trucidar a verdade. E caprichar na pose de homem de bem
para recitar mentiras com a desfaçatez de quem acha que todos os brasileiros
são idiotas.
O ex-presidente Lula vem erguendo desde o começo de
abril o mais obsceno dos numerosos monumentos à cafajestagem forjados desde
2005 para impedir que os quadrilheiros do mensalão sejam castigados pela
Justiça. Inquieto com a aproximação do julgamento, perturbado pela suspeita de
que os bandidos de estimação correm perigo, o Padroeiro dos Pecadores jogou o
que restava de vergonha numa lixeira do Sírio Libanês e resolveu pressionar
pessoalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal. De novo, como informou
VEJA neste sábado, o colecionador de atrevimentos derrapou na autoconfiança
delirante e bateu de frente com um interlocutor que não se intimida com
bravatas.
A reportagem de Rodrigo Rangel e Otávio Cabral
reproduz os momentos mais espantosos do encontro entre Lula e o ministro Gilmar
Mendes ocorrido, há um mês, no escritório mantido em Brasília pelo amigo comum
Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo e ex-ministro da Defesa. A conversa fez
escala em assuntos diversos até que o palanque ambulante interrompeu o minueto
para dar início ao forró do mensalão. “Fiquei perplexo com o comportamento e as
insinuações despropositadas do presidente Lula”, disse Gilmar a VEJA. Não é
para menos.
“É inconveniente julgar o processo agora”, começou
Lula, lembrando que, como 2012 é um ano eleitoral, o PT seria injustamente
afetado pelo barulho em torno do escândalo. Depois de registrar que controla a
CPI do Cachoeira, insinuou que o ministro, se fosse compreensivo, seria poupado
de possíveis desconfortos. “E a viagem a Berlim?”, perguntou em seguida,
encampando os boatos segundo os quais Gilmar Mendes e Demóstenes Torres teriam
viajado para a cidade alemã num avião cedido por Carlinhos Cachoeira, e com
todas as despesas pagas pelo meliante da moda.
Gilmar confirmou que se encontrou com o senador em
Berlim. Mas esclareceu que foi e voltou em avião de carreira, bancou todas as
despesas e tem como provar o que diz. “Vou a Berlim como você vai a São
Bernardo. Minha filha mora lá”, informou, antes da recomendação final: “Vá
fundo na CPI”. Lula preferiu ir fundo no palavrório arrogante. Com o
desembaraço dos autoritários inimputáveis, o ex-presidente que não desencarnou
do Planalto e dá ordens ao Congresso disse o suficiente para concluir-se que,
enquanto escolhe candidatos a prefeito e dá conselhos ao mundo, pretende usar o
caso do mensalão para deixar claro quem manda no STF.
Alguns dos piores momentos da conversa envolveram
quatro dos seis ministros que Lula nomeou:
CARMEM LÚCIA
“Vou falar com o Pertence para cuidar dela”. (Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF e hoje presidente da Comissão de Ética Pública, é tratado por Carmen Lúcia como “guru”).
“Vou falar com o Pertence para cuidar dela”. (Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF e hoje presidente da Comissão de Ética Pública, é tratado por Carmen Lúcia como “guru”).
DIAS TOFFOLI
“Ele tem que participar do julgamento”. (O ministro foi advogado do PT e chefe da Advocacia Geral da União. Sua mulher defendeu três mensaleiros. Mas ainda não descobriu que tem o dever de declarar-se sob suspeição).
“Ele tem que participar do julgamento”. (O ministro foi advogado do PT e chefe da Advocacia Geral da União. Sua mulher defendeu três mensaleiros. Mas ainda não descobriu que tem o dever de declarar-se sob suspeição).
RICARDO LEWANDOWSKI
“Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão”. (Só falta o parecer do revisor do processo para que o julgamento comece. Lewandowski ainda não fixou um prazo para terminar o serviço que está pronto desde que ganhou uma toga).
“Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão”. (Só falta o parecer do revisor do processo para que o julgamento comece. Lewandowski ainda não fixou um prazo para terminar o serviço que está pronto desde que ganhou uma toga).
Os outros dois ministros nomeados por Lula são
Joaquim Barbosa (considerado “um traidor”) e Ayres Britto, a quem Gilmar
relatou na quarta-feira o encontro em Brasília. O atual presidente do STF soube
pelo colega que Lula pretende seduzi-lo com a ajuda do jurista Celso Antonio
Bandeira de Mello, amigo de ambos e um dos patrocinadores da sua indicação.
Imediatamente, Ayres Britto associou o que acabara de escutar ao que ouviu de
Lula num recente almoço no Palácio da Alvorada. “O ex-presidente me perguntou
se eu tinha notícias do Bandeirinha e disse: ‘Qualquer dia a gente toma um
vinho’”, contou o ministro a VEJA.
Na mesma quarta-feira, a chegada ao STF de um
documento assinado por dez advogados de mensaleiros comprovou que Lula age em
parceria com a tropa comandada pelo inevitável Márcio Thomaz Bastos. “Embora
nós saibamos disso, é preciso dar mostras a todos de que o Supremo Tribunal
Federal não se curva a pressões e não decide ‘com a faca no pescoço’”, diz um
trecho desse inverossímil hino à insolência. A expressão foi pinçada da frase
dita em 2007 pelo ministro Ricardo Lewandowski, num restaurante em Brasília,
depois da sessão que aprovou a abertura do processo do mensalão. Faltou
completar a frase do revisor sem pressa: “Todo mundo votou com a faca no
pescoço. A tendência era amaciar pro Dirceu”.
O escândalo descoberto há sete anos se arrasta no
STF há cinco, mas os dez doutores criticaram “a correria para o julgamento,
atiçada pela grita”. Eles resolveram dar lições ao tribunal por estarem
“preocupados com a inaudita onda de pressões deflagradas contra a mais alta
corte brasileira”. O Brasil decente faz o que pode para manifestar seu
inconformismo com o tratamento gentil dispensado pela Justiça a pecadores que
dispõem de padrinhos poderosos e advogados que cobram por minuto. São pressões
legítimas. Preocupante é o cerco movido a um Poder independente por um ex-chefe
do Executivo. Isso não é uma operação política, muito menos uma ação jurídica.
É um genuíno caso de polícia.
Se os bacharéis do mensalão efetivamente se
preocupam com pressões ilegais, devem redigir outro documento exigindo que Lula
aprenda a comportar-se como ex-presidente e pare de agir como comparsa de um
bando fora-da-lei.
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