AIDA, DE VERDI – TRIUNPHAL

Remexendo na minha modesta discoteca encontrei o disco de vinil com a ópera Aida, em quatro atos com música de Giuseppe Verdi e libreto de Antonio Ghislazoni, com estréia mundial na Casa da Ópera, Cairo, aos 24 de dezembro de 1871. Esta obra foi composta por encomenda do governo egípcio para a inauguração e em comemoração da abertura do canal de Suez. A obra, porém não foi acabada a tempo para a inauguração do Canal, tendo sido substituída à última hora por outra ópera de Verdi, e tendo sido "criada" no Cairo um ano mais tarde.

A ópera é em quatro atos, uma maravilha!

Ao ouví-la, veio-me a lembrança recordações de minha juventude quando frequentava o Cine Ideal, dos Irmãos Rossi, sucessores do Cine Apólo, de Arthur Preto e Pagnoncelli. Veja que faz bastante tempo!

Pois, a ópera Aida, de Verdi, era a caracteristica que dava início ás sessões cinematográficas. Quando o perador fazia soar nos alto-falantes do cinema a belíssima obra do compositor italiano, todos se apressavam para ocupar os lugares, porque a sessão iria começar.

Ha, que saudades daquele tempo!

As sessões de matinée começavam aos domingos á tarde ás 14h e terminavam pelas 17,30h. Normalmente eram exibidos dois filmes. As companhias: Columbia Pictures, Fox, Warner Bross, Vera Cruz, Metro Goldwin-Mayer, Art Films, Pelmex e outras. Os desenhos, produções Walt Disney, Tom e Jerry, até hoje lembrados. Comédias dos Três Patetas, eram as preferidas, e seriados Flash Gordon e o Homem Morcego (Batman e Robin).

O valor do ingresso custava um mil réis e cinquenta. Eu ganhava 2.000 réis de mesada, sobravam 50 réis, valor de um picolé do Café Elite, do seu Florenal, onde hoje está a loja Shumann.

Lembro também quando foi inaugurado o CinemaScope. Que espetáculo!

O CinemaScope foi uma tecnologia de filmagem e projeção que utilizava lentes criadas pelo presidente da Twentieth Century Fox em 1953. Foi utilizada entre 1953 e 1967 para a gravação de filmes widescreen, marcando o início do formato moderno tanto para a filmagem quanto para a exibição de filmes. O surgimento dessa tecnologia de lentes diferentes, teoricamente, permitiu que o processo criasse uma imagem de até uma relação de aspecto, quase duas vezes mais larga em relação ao até então onipresente formato. “O Manto Sagrado" dirigido por Henry Coster com Victor Mature foi o primeiro filme feito em CinemaScope, foi indicado para três categorias do Oscar de 1953. Mais tarde surgiu Cleópatra um filme britânico-estadunidense e suíço em 1963, do gênero drama biográfico histórico, com a belíssima atriz Elizabeth Taylor, Richard Burton e Rex Arrison. Cleópatra, uma história de poder e traição – a vida legendária da Rainha do Nilo e sua conquista.

O Cine Ideal era onde hoje está o Ponto Frio e tinha capacidade para 1.200 pessoas sentadas. Uma coisa interessante, ás sessões começavam britanicamente ás 20,15h, tanto fazia se estivesse à casa cheia como com meia dúzia de assistentes.

 Com o advento da Televisão as casas cinematográficas do interior entraram em crise e acabaram sendo fechadas. Primeiro foi o Ideal, mais tarde o Cine Luz.

Com o fechamento dos cinemas e dos cafés Grazziotin, Atlântico, Ronchetti, Elite, Restaurante Campana, Café e Boate Dilda, todos na Av. Mautrício Cardoso, Erechim perdeu, sua vida romântica noturna.

Quem viveu aquela época não esquece jamais.