Eu sou do tempo em que o leite era
entregue em casa pelo próprio produtor em lombo de cavalo acondicionado em
litros brancos com tampa de sabugo de milho e não fazia mal a ninguém. A
manteiga era uma loucura. Em vez de embalada em caixinhas higienizadas como
hoje, era envolta em palha de milho. E nunca ouvi falar que alguém fosse causa
de intoxicação ou alergia. O leite depois de fervido criava uma crosta de nata
que a gente aproveitava para passar no pão com mel. Era gostoso demais! Eu
mesmo fiz isso centenas de vezes. Depois que o leite passou a ser
industrializado começaram os problemas, tudo por conta da ganância das
indústrias e do lucro fácil.
A saúde da população que se dane. Um
internauta postou em sua página no facebook e me enviou a seguinte sugestão: "A
melhor punição ás indústrias é à população não comprar mais a marca adulterada.
E durante o tempo em que os diretores dessas empresas permanecerem detidos,
fazê-los consumir o seu próprio leite com soda, ureia, formol e outras
substâncias". Sabe que seria uma boa? O que essas indústrias estão fazendo
com a população consumidora de leite é envenenamento coletivo e isso tem que
ser reprimido e os responsáveis colocados na cadeia.
Outro assunto. O município de Faxinalzinho,
não muito distante de Erechim, vive
momentos de grande tensão, depois de uma longa convivência pacífica com os índios
Caigangues da aldeia Kandóia. A desarmonia começou por conflito de demarcação
de terras que os indígenas afirmam lhes pertencerem. No desentendimento dois
agricultores acabaram sendo criminosamente mortos pelos índios.
Ao todo, estão em jogo 2.734 hectares em
Faxinalzinho. O conflito envolve quase 200 famílias de indígenas e 140 de
agricultores, de acordo com dados da Secretaria Estadual do Desenvolvimento
Rural, Pesca e Cooperativismo. Pelo crime dos agricultores, cinco indígenas acabaram
presos pela Polícia Federal. Entre os detidos está o cacique Deoclides de
Paula. Para resolver o problema o governo tem apenas duas alternativas: compensação
ou reassentamento. Como a Constituição Federal veda indenização, os títulos
existentes nas mãos dos agricultores em áreas consideradas indígenas são nulos.
Como resolver esse impasse? Como fica, por exemplo, a situação dos que
investiram nas propriedades com a construção de cercas, casas, galpões,
depósitos etc? O momento é de expectativa para saber como o governo vai descascar
o abacaxi. O representante do Ministério da Justiça que esteve na região,
Marcelo Veiga, conseguiu que líderes dos agricultores e indígenas se encontrem
em Brasília dia 22 para, em uma mesa de diálogo, com o ministro José Cardoso,
encontrar uma saída para o impasse. Uma das mudanças que o governo deveria
consolidar é não permitir mais o índio arrendar suas terras. Isso obrigaria o
índio a trabalhar e produzir e não deixaria cair n a ociosidade levando-o a viração. É nesta hora que deveria
entrar a Funai. Só que a Funai não promove a
educação básica aos índios, não demarca terras, não assegura e protege as
terras por eles tradicionalmente ocupadas, não estimula o desenvolvimento de
estudos e levantamentos sobre os grupos indígenas. É um órgão preguiçoso e
omisso nas questões em que deveria atuar. A Fundação tem, ainda, a
responsabilidade, mas não faz, de defender as comunidades indígenas; de
despertar o interesse da sociedade pelos índios e suas causas; e de gerir o seu
patrimônio e fiscalizar suas terras, impedindo ações predatórias de
garimpeiros, posseiros, madeireiros e quaisquer outras que ocorram dentro de
seus limites e que representem um risco à vida e à preservação desses povos. A
Funai que deveria ser tutora dos índios, para poder levar até eles, o mínimo
necessário para seu conforto, não faz absolutamente nada. É hora do governo
tomar uma atitude, ou determina uma maior ação da Funai ou acaba com esse órgão
omisso e inoperante. De outra parte, o governo também tem que entender o lado
dos agricultores possuidores de título de propriedade há mais 80 anos e vivem
nessas terras. Não podem, a toque de caixa, entregar tudo de mão beijada.
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