Lula em entrevista a uma emissora de TV
portuguesa disse que Dirceu e Genoino não eram pessoas de sua confiança.
O ex-presidente parece ser adepto da
máxima "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. A entrevista foi
divulgada domingo, 27, no site da
emissora. Nela, Lula desqualificou o trabalho do Supremo Tribunal Federal e
afirmou que as condenações do julgamento do mensalão foram, em sua maioria,
políticas e não jurídicas.
"O que eu acho é que não houve
mensalão. Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte. Eu só
acho que essa história vai ser recontada. É apenas uma questão de tempo, e essa
história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade", afirmou
o ex-presidente.
Àquilo que Lula "acha" se
contrapõem as provas das 5 000 páginas dos autos do mensalão. São documentos,
perícias e testemunhos que demonstram que em seu governo instituiu-se um grande
esquema de compra de apoio parlamentar.
O ex-presidente, aliás, tratou de se
dissociar, de maneira desleal, dos mensaleiros que o ajudaram a fundar o
Partido dos Trabalhadores, nos anos 1980, e a conquistar o mais alto posto da
República, em 2002. Ele afirmou que embora haja "companheiros do PT
presos, não se trata de gente da sua confiança".
Um desses companheiros é José Dirceu,
que chefiou a primeira campanha eleitoral de Lula e depois, no primeiro ano de
seu mandato, exerceu o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Outro companheiro
é José Genoíno, igualmente fundador do PT. Ele ocupou a presidência do partido
entre 2002 e 2005.
Por falar em Lula, lembro quando ele foi
candidato à presidência e passou por Erechim. O comício foi nas escadarias da
prefeitura. Reuniu muita gente. Na época desempenhava a chefia de gabinete do
prefeito e recebi a incumbência de abrir ás portas do prédio, caso houvesse
necessidade. E houve.
Enquanto Lula falava, circulava por
entre o povo um saco que servia de repositório para ajuda financeira a sua
campanha. Para não sair por entre o povo, o candidato entrou no prédio e saiu
pelos fundos, onde aguardava-o um carro com seus seguranças e membros de sua
comitiva. Foi quando presenciei a entrega do saco. Estava cheio de dinheiro,
contribuição de seus correligionários para auxiliar nas despesas de sua
campanha.
Nunca tinha visto coisa igual: dinheiro
em saco.
Enquanto
isto, o companheiro José Genuíno, com a desculpa de que sofre de problemas
cardíacos, tenta convencer a Justiça para ganhar regalias. Mas não levou.
Médicos
da Universidade de Brasília (UnB) que examinaram o ex-deputado no dia 12 de
abril concluíram que o seu quadro clínico está "plenamente
estabilizado" e não há gravidade. O laudo foi pedido pelo presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que decidiu pelo retorno de
Genuíno à cadeia para continuar cumprindo a pena imposta pela Suprema Corte em
vez de ficar em casa. Os médicos concluíram que em bases estritamente objetivas
e definidas, não há no momento a presença de qualquer circunstância
justificadora de excepcionalidade e diferenciada do habitual para a situação
médica em questão, visando o acompanhamento e tratamento do paciente em apreço.
De acordo com eles, durante o exame, Genoino estava em "pleno gozo das
suas faculdades mentais", "em ótimo aspecto físico" e caminhando
normalmente sem restrições. Condenado ao cumprimento em regime semiaberto
à 4 anos e 8 meses por corrupção ativa, Genoino foi submetido a uma cirurgia
para correção da artéria aorta em julho do ano
passado. Preso em 15 de novembro, o ex-deputado ficou menos de uma semana
no complexo penitenciário da Papuda, tendo sido transferido para um hospital
depois de ter reclamado de problemas cardíacos e, em seguida foi para a
prisão domiciliar. Agora terá que retornar para trás das grades.
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