domingo, 16 de março de 2014

O SUCESSO FAZ AMIGOS



Escreve Confúcio: “Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”.
Eu já passei pelas duas experiências.
Enquanto era um homem de sucesso os amigos desabrochavam borbulhantemente.
A atividade de comunicador facilitava-me amplamente. Lembro de um programa de rádio onde atuei durante 22 anos ininterruptos que além de transmitir informações, anúncios diversos, patrocinava também ações de benemerência. Uma vez um ouvinte foi operado de uma hérnia, graças ao prestígio do programa e a cooperação do falecido Dr. Reno Viero, recém formado cirurgião. Outro ouvinte, cego, foi encaminhado a uma clinica de olhos em Buenos Aires, na Argentina, com a cooperação do Dr. Fernando Gomes da Silveira e a participação de vários ouvintes através de uma campanha arrecadatória espontânea de dinheiro para sua mantença. A passagem foi por conta da UNESUL, do então diretor, hoje presidente, Belmiro Záffari. Portanto, o programa me fez um sujeito notado, verdadeiramente de sucesso e, como tal, era muito prestigiado não faltavam "amigos".
A adversidade veio mais tarde. A vida nem sempre é um mar de rosas - não é? - ás vezes ela nos surpreende deixando-nos exatamente como o pintor que estava a pintar a parede, tiraram-lhe a escada e além de se estatelar ao chão ficou sem o pincel. Nessas ocasiões é que a gente conhece quem são os verdadeiros comungantes amigos  solidários.
Da última experiência vivida ficaram ainda algumas sequelas. Hoje, analisando quantos "amigos" autênticos possuo observo que o número deles não preenche os dedos de uma de minhas mãos. Recebi de três deles o que nunca imaginara um dia pudesse admitir, a maior contribuição de solidariedade. Pois, graças a esses anônimos consegui reestruturar-me outra vez. Agora percebo que para saber quem são os genuínos amigos precisamos passar pela desgraça e não pelo sucesso. Não havia me dado conta disso. Verónica R. Marengo é quem afirma em versos que um amigo é aquele que caminha ao teu lado, tanto nos bons como nos maus momentos. É aquele que mostra que te quer com pequenos detalhes cotidianos. E o que te escuta, sem estar de acordo contigo, não te julga. Amigo é o que te reprovas e demonstra o muito que lhe importas. Um amigo é o que adivinha o que te preocupa, sem perguntar-te nada e trata de fazer-te o bem. É aquele que ri contigo e te fortalece com suas palavras.

Na viagem de retorno a Porto Alegre sentei na mesma poltrona do ônibus em que viajaria também o amigo, advogado, Sérgio Luis Saldanha Dornelles. Há muito tempo que não nos encontrávamos. A viagem além de se tornar agradável pelo bom papo, deu a impressão que demorou menos que das outras vezes. Recordamos muita coisa, principalmente fatos ocorridos no passado e que fazem parte da história de Erechim. Algumas confidências, inclusive, foram trocadas, principalmente a respeito de amizades que foram importantes num lapso de tempo não muito distante, mas que hoje deixaram de ser.
Foram cerca de cinco horas e meia de bom convívio no interior de um ônibus. Como bom advogado que é, aproveitei para fazer uma consulta de cortesia. Quis saber como - por exemplo - se procede para propor uma ação penal pública, pois acho que esta seria a forma como um cidadão, ou mais da comunidade, pode ingressar na Justiça contra o Correio por não responder devidamente as queixas da cidade contra o desleixo do prédio de sua propriedade, uma verdadeira maloca no centro de Erechim. Foi então que fiquei sabendo que no direito penal brasileiro, é a ação penal que depende de iniciativa do Ministério Público. Ela sempre se inicia por meio da denúncia que é a peça inicial do processo. Ela se contrapõe à ação penal privada, onde a iniciativa para a propositura da ação não pertence ao poder público, mas ao particular, que oferecerá queixa Tenho a impressão que é por aí que poderemos solucionar o problema.

 

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