Estou
publicando este texto por considerá-lo mito importante. Não deixe de ler. Estão
aprontado mais uma contra os nternautas.
Publicado por Philipi Borges
Não é preciso ser um gênio da computação ou dos negócios para entender o
que está dificultando a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei
do Marco Civil da internet. É hora, pois, de alguém explicar a questão em
linguagem bem simples e chamar as coisas pelo nome.
O governo federal enviou ao Congresso um projeto de lei que regulamenta
o provimento de acesso à internet no Brasil. Antes de mais nada, esse março
regulatório é uma garantia para a sociedade de que o intenso processo de
inclusão digital em curso no país não será dificultado.
O que pode dificultar fortemente esse processo é o encarecimento do
acesso à internet e a quebra da neutralidade na rede, ou seja, o aumento do
custo de hospedagem de sites. Para a blogosfera independente, por exemplo, a
quebra da neutralidade seria mortal.
Como signatário de um site – este Blog, em verdade, é um site como o
UOL, G1 ou qualquer outro –, digo que qualquer aumento no custo de hospedagem
inviabilizaria meu trabalho, pois mal consigo suportar esse custo como está
hoje.
Quem quer dificultar a vida dos brasileiros na internet são as ditas
“teles”, as empresas provedoras de acesso ou de hospedagem de sites. E não é
por maldade que essas empresas – em boa parte transnacionais – querem isso. É
por lucro, claro, mas é, também, por interesses políticos.
Em primeiro lugar, a inclusão digital é uma ameaça aos tentáculos mais
vorazes do capitalismo. As vozes dissonantes que a internet permite que pela
primeira vez na história possam se fazer ouvir em qualquer parte e a baixo
custo ameaçam àqueles que mantém este país tão desigual.
Ainda nesse aspecto político, a concorrência que blogs, sites e redes
sociais fazem à mídia tradicional é uma pedra no sapato dela. Pense bem: que
diferença há hoje entre acessar o portal UOL ou outros grandes portais e
acessar um blog como este?
A velocidade de acesso é igual, o custo para acessar é igual. Só o que
separa um site como este de um site como o UOL é o conhecimento desse site pelo
público. Mas como a blogosfera é vasta, todo o público de um grande portal
conhece ao menos um bom grupo de blogs e sites independentes.
E há outra questão. As reclamações do serviço das operadoras de acesso à
internet são muitas. Essas empresas não entregam a velocidade de acesso
contratada e o governo vem obrigando a que cumpram suas obrigações contratuais.
Essas empresas, para cumprir os contratos que descumprem, têm que fazer
investimentos. Adivinhe, leitor, de onde querem tirar esses recursos para
investir… Do seu bolso, claro. E, creia-me, sem garantia de que, agora,
cumprirão o que prometem.
A função do Congresso deveria ser defender os brasileiros da esperteza
dessas empresas e dos interesses políticos dos grandes meios de comunicação que
não querem blogs, sites e redes sociais contradizendo suas “verdades”. Contudo,
há um blocão de deputados fazendo o jogo dos tubarões.
Todos os especialistas sérios em internet defendem o Marco Civil que o
governo está propondo. Inclusive, defendem um ponto desse março regulatório do
qual o governo está abrindo mão na tentativa de aprovar, pelo menos, a
neutralidade na rede.
O ponto que o governo está negociando é a obrigatoriedade que pretende
impor às teles para que mantenham os dados dos internautas brasileiros no
Brasil. Isso, após a descoberta da espionagem dos EUA, parece uma medida mais
do que lógica. Mas, pasme-se, há deputado que não quer.
E há muito deputado que tampouco quer neutralidade na rede, veja só.
Ora, ora, ora… A pergunta é, simplesmente, por que.
Como é possível que representantes eleitos pelo voto popular atuem
contra o interesse do internauta brasileiro e em favor de empresas de
telecomunicações – inclusive e sobretudo – de origem estrangeira? O que há por
trás dessa conduta?
Vamos chamar as coisas pelo nome, caro leitor? Então vamos: o que tem
por trás dessa conduta desses deputados é uma coisinha chamada suborno. É isso
aí: as teles só podem estar subornando deputados. Não tenho provas, mas não
pode ser outra coisa.
Contudo, falta de provas não é nada que uma boa investigação da Polícia
Federal não resolva. Os deputados que estão atuando contra o interesse da
sociedade por certo têm motivo$ muito forte$ para agir como estão agindo.
Motivo$ que uma boa investigação poderia detectar.
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