SÍNDROME DE
ANGELMAN
Fiquei sabendo ontem que rir sem parar é uma
doença de fundo neurológico. Quando poderia imaginar que rir é uma enfermidade
genética causada por disfunção cromossômica, cuja incidência no Brasil pouco se
conhece, embora recentemente exista na Internet uma Associação de Pais de
portadores da síndrome de Angelman onde estão registrados depoimentos de mães
de crianças portadoras dessa doença.
Semana passada na Inglaterra o garotinho Elliot
Eland, 2 anos, devido a uma desordem no
cromossomo não para de rir. De acordo
com os médicos, entre os sintomas da síndrome de Angelman estão a
hiperatividade, convulsões e comprometimento motor.
Enquanto escrevo esta notícia fico rindo também,
não por gozação, mas pelo fato de nunca ter ouvido falar que alguém pudesse rir
sem parar. É cruél, mas é engraçado!
Aprofundando minha curiosidade sobre o problema,
descobri que a Síndrome de Angelman ocorre a cada
15.000 nascimentos e conta com poucos recursos de tratamento no Brasil. Foi
reconhecida em 1965 pelo médico inglês Dr. Harry Angelman, como um dano no
cromossomo 15 herdado da mãe. Trata-se, portanto, de uma deficiência genética,
sendo que em uma pequena parcela dos casos pode acontecer mais de uma vez na
mesma família. O Dr. Angelman identificou, na época, três crianças com
características comuns, tais como rigidez, dificuldades para andar, ausência de
fala, riso excessivo e crises convulsivas.
No
Hospital de Clínicas de São Paulo, no ambulatório de genética, existem alguns
casos catalogados. Nos Estados Unidos e no Canadá também existe uma Fundação, a
Angelman Syndrome Foundation. Nesta fundação americana existem cerca de 1000
indivíduos com a síndrome catalogados. Sabe-se também que ao redor de todo o
mundo existem casos diagnosticados da doença em diversas raças. Estima-se que
ocorra um caso a cada 15 ou 30 mil nascimentos.
Normalmente
a Síndrome não é facilmente diagnosticada pelo pediatra clínico em função da
sua baixa incidência. Suspeitando de algum transtorno genético, os pacientes
costumam ser encaminhados para os setores de neurologia e genética dos grandes
hospitais, como Clínicas ou a Escola Paulista de Medicina, em São Paulo. O
diagnóstico é confirmado por testes de DNA e estudo do cariótipo. Quem faz este
diagnóstico é o Serviço de Aconselhamento Genético do Departamento de Biologia
do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Segundo
o Dr. Paulo Plaggerp, do Ambulatório de Genética do Hospital de Clínicas de São
Paulo, não há tratamento disponível para a Síndrome de Angelman. É possível
apenas dar tratamento de suporte, ou psicossomático, procurando amenizar os
sintomas e melhorar a qualidade de vida dos que possuem a síndrome.
Não
se sabe por que o riso é tão frequente nos portadores da Síndrome. Estudos do
cérebro não tem mostrado nenhum defeito que leve a pensar num campo anormal
para o riso. O riso parece ser, fundamentalmente, uma manifestação de expressão
motora, e não uma expressão de sentimentos ou uma forma de comunicação. A
maioria de reações aos estímulos físicos e mentais se acompanha de riso. Ainda
que as crianças experimentem uma variedade de emoções, aparentemente predomina
a felicidade.
Como
a máquina humana é complicada! Muito mais, como um motor de automóvel.
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