A BARATINHA DA RODOVIÁRIA
Minha rotina mudou depois que passei a
morar um pouco aqui e outro pouco em Porto Alegre, por dever de ofício. Pelo
menos uma ou duas vezes por mês sou obrigado a comparecer á rodoviária da
capital, comprar a passagem e embarcar rumo a Erechim.
Semana passa foi a primeira viagem.
Enquanto esperava o horário de embarque, eis que surge debaixo do banco onde
estava sentado uma baratinha. Sem qualquer constrangimento e sem muita pressa
ela começou a passear pelo piso da estação rodoviária, desviando dos pedestres
com a maior tranquilidade, sem medo de ser pisoteada por um passante. Foi até a
metade do caminho e resolveu retornar.
Uma senhora que estava sentada a meu
lado arrepiou-se quando viu a baratinha e expressou: "que nojo!"
Ela era da espécie mais conhecida, da família das baratas americanas, que mede cerca de 30 milímetros de
comprimento.
Proliferam naquele local porque há
muitos restaurantes e lancharias, e elas, por sua vez, adoram lugares principalmente
onde exista a sujeira e a imundície.
Entre os principais problemas que as baratas podem ocasionar aos seres
humanos está a atuação delas como vetores mecânicos de diveras bactérias,
fungos, protozoários, vermes e vírus. As baratas domésticas são responsáveis pela
transmissão de várias doenças, através
das patas e fezes pelos locais onde
passam. Por isso são consideradas perigosas para a saúde de seres humanos, e é
preciso combatê-las.
Além da espécie americana, existe a barata
alemã, a barata asiática,
com cerca de 15 milímetros de comprimento e a barata
Oriental, com 25 milímetros , é maior de todas.
Existentes há mais de 300 milhões de anos, as baratas já somam cerca de
5.000 espécies no mundo. Em geral são de coloração parda, marrom ou negra e
espécies coloridas. Nas zonas tropicais, predominam as de cor marrom
avermelhada, além das cores verde e amarela.
Sua alimentação é variada. As baratas são insetos onívoros, ou seja, comem
qualquer coisa, tendo principal atração por doces, alimentos gordurosos e de origem
animal. Uma curiosidade é que podem viver uma semana sem beber água e até um
mês sem comer. Conseguem perceber o perigo através de mudanças na corrente do
ar à sua volta. Elas possuem pequenos pelos nas costas que funcionam como
sensores, informando a hora de correr.
Gostam de lugares quentes e úmidos. Seus
inimigos naturais são as lagartixas, bactérias, formigas, vermes, fungos,
protozoários, ácaros, aranhas, besouros, escorpiões e vertebrados.
Como não havia no local nenhum desses predadores o único risco para a
baratinha da rodoviária era que um transeunte pisasse sobre ela, o que não
ocorreu, apesar de ter se exposto a esse perigo.
Conversa
de passageiro
É interessante que, quando se está
sozinho, sem ter alguém para conversar, ficamos observando tudo o que acontece
ao nosso derredor. Não é assim? Pois bem, no interior do ônibus em que viajava
no banco da minha frente, sentou-se uma mulher. Nem bem partimos o celular
tocou. O diálogo durou cerca de quinze minutos. Tem gente que não se flagra e fala
em tom de voz alto para todo o ônibus ouvir. A conversa era o porquê o marido
não telefonara para o filho no domingo de Páscoa.
- Ele prefere os amigos do que telefonar
para o filho!
"Quando eu chegar, ele vai se
ajustar comigo" - dizia a mulher agressiva.
Os passageiros se entreolhavam e
sorriam.
É a segunda vez que, estando eu, no
interior de um ônibus, presencio cena com o esta. Há pessoas que não têm o
senso do ridículo permitindo que outras façam delas motivo de chacota e
gozação. Esta foi uma delas.
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