quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DOENÇA DE ALZHEIMER
Estava lento outro dia uma entrevista do antropólogo Roberto DaMatta, 75 anos, na Revista Veja sobre o dinheiro que o governo arrecada e a falta de vigilância. Mas o que me chamou a atenção foi quando ele falou sobre a doença de Alzheimer e como lidar com ela. Não sabia que era tão devastadora assim. Aliás, sabia um pouco, mas não tanto.
Na concepção de DaMatta, a Alzheimer é terrível porque rouba a alma do doente, ou seja, subtrai dele o que nos torna, afinal, humanos: a capacidade de expressar de forma elaborada nossas idéias e emoções.
Ele conta com naturalidade e franqueza que sua mulher teve a doença diagnosticada há sete anos, e hoje ela já não fala. Foi perdendo a capacidade motora e cognitiva aos poucos. “No princípio até pensei, não deve ser tão complicado. Mas com o tempo a doença mostrou seu lado mais perverso. É doloroso demais perceber que da pessoa que conheci há 48 anos, por quem me apaixonei perdidamente e com quem formei uma família, só ficou o corpo, como uma lembrança do que já foi. Ela ainda está aí, mas não dá para traduzir em palavras a falta que me faz”.
É muito comovente tudo isto, só quem tem um quadro assim na família sabe avaliar.
Segundo a medicina a doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência degenerativa em idosos. O estabelecimento da doença é insidioso e geralmente ocorre após os 55 anos de idade, aumentando em freqüência com o avanço da idade. O seu curso é marcado por uma deterioração gradual da função intelectual, declínio na capacidade de realizar atividades de rotina da vida cotidiana e de lidar com as alterações na personalidade e no comportamento.
Os aspectos neurocomportamentais da demência clássica do tipo Alzheimer incluem o comprometimento da memória, distúrbios de linguagem, déficits visuais e espaciais e comprometimento da capacidade de fazer cálculos e abstrações. Os distúrbios de outras funções do córtex cerebral como a incapacidade de realizar uma tarefa motora na ausência de perda sensorial, hemiparesia ou dificuldade de compreensão, podem ser observados.
Os pacientes dessa doença se tornam cada vez mais passivos, mais agressivos na demonstração de emoções e menos espontâneos. Alguns destes sintomas podem imitar uma depressão, mas ocorrem com mais freqüência na ausência de um estado de humor depressivo óbvio, ou pensamentos de invalidez, incompetência ou culpa. Em 40 a 50% dos pacientes, o estado de humor depressivo pode ser evidente em algum momento durante o curso da doença. Outras anormalidades de comportamento observadas incluem inquietação motora, agitação, o paciente segue a pessoa que cuida dele a todos os lugares, e insônia.
O antropólogo Roberto Da Matta que contou sem constrangimento a tristeza que vive em ver sua mulher acometida da doença de Alzheimer, foi professor da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, e depois de sete anos voltou a viver em sua cidade natal, Niterói. É casado há 48 anos do dona Celeste, com quem teve três filhos.
É um anti-petista. A frase é dele: “O PT enterrou o ideal da pureza e aderiu às piores práticas do velho clientelismo”.
Alguém tem dúvida?

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