A profissão político no Brasil é uma das mais
rendosas. Não exige formação, basta ser alfabetizado, não precisa pagar
funcionários, trabalha quando quer e
toda a infraestrutura é disponibilizada sem nada precisar ressarcir. Por isso
cada vez mais, e principalmente parentes de políticos, se candidatam formando
um feudo familiar na política brasileira.
Um levantamento feito pelo site Congresso em Foco, revela
que 98 candidatos a uma vaga na Câmara dos Deputados são parentes de políticos
dos mais variados calibres, partidos e regiões do país.
Um dos casos mais notórios da lista é o de Joaquim
Roriz Neto, filho da deputada federal Jaqueline Roriz, do DF.
Há também o caso de Luiz Argôlo , da Bahia, que
tenta a reeleição. Ele é Irmão do ex-prefeito de Cardeal da Silva, e do
ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia e deputado estadual Marcelo
Nilo.
Outro caso curioso é o do deputado Maurício
Quintella Lessa, que tenta a reeleição. Primo do ex-governador de Alagoas e
também postulante a uma vaga na Câmara, Ronaldo Lessa. Maurício foi um dos
parlamentares que votou pelo adiamento
da votação do projeto de lei que deu origem à legislação da ficha limpa. Mas,
depois da repercussão do assunto em nível nacional e da pressão popular em
favor do projeto, o parlamentar votou pela sua aprovação.
Também estão no grupo dos parentes, entre outros, o
deputado Arthur Lira, que tenta a reeleição e é filho do senador Benedito de
Lira; Arthur Bisneto, que tenta uma vaga na Câmara por Manaus é filho do
prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio que foi senador; Sarney Filho,
que tenta a reeleição e, como diz seu nome, é filho do senador e ex-presidente
da República José Sarney e irmão da
atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney; e a deputada estadual Clarissa
Garotinho, que busca um lugar que hoje é ocupado pelo pai, o ex-governador do Rio
de Janeiro Anthony Garotinho, candidato a mais um mandato no Palácio Guanabara.
Essa prática de levar à transformação dos espaços
de poder em feudos familiares é muito ruim. Pela seguinte razão: por um lado,
significa que não está havendo renovação de quadros – os partidos, os
movimentos sociais não estão formando quadros e, por isso, fica aí esta
transferência hereditária; e, de outro lado, muitos deles estão assumindo
espaços de ‘ficha suja’, o que é profundamente lamentável.
Na maioria dos casos, o postulante barrado pela Lei
da Ficha Limpa, coloca algum parente em seu lugar, como forma de manter
influência política – como fez recentemente José Roberto Arruda, ex-governador
do Distrito Federal que chegou a ser preso durante o escândalo do chamado
mensalão do DEM, em 2009, para citar apenas um caso atual. Considerado
inelegível por ter sido condenado em duas instâncias por improbidade
administrativa, Arruda indicou sua esposa, como candidata a vice-governadora na
chapa agora encabeçada por Jofran Frejat. O Rio de Janeiro é o estado que mais
candidatos possui entre parentes. O Rio Grande do Sul contribui na lista com
quatro. Não vou revelar os nomes porque a Justiça Eleitoral pode complicar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário