quinta-feira, 25 de setembro de 2014

PROFISSÃO POLÍTICO

A profissão político no Brasil é uma das mais rendosas. Não exige formação, basta ser alfabetizado, não precisa pagar funcionários, trabalha quando quer  e toda a infraestrutura é disponibilizada sem nada precisar ressarcir. Por isso cada vez mais, e principalmente parentes de políticos, se candidatam formando um feudo familiar na política brasileira.
Um levantamento feito pelo site Congresso em Foco, revela que 98 candidatos a uma vaga na Câmara dos Deputados são parentes de políticos dos mais variados calibres, partidos e regiões do país.
Um dos casos mais notórios da lista é o de Joaquim Roriz Neto, filho da deputada federal Jaqueline Roriz, do DF.
Há também o caso de Luiz Argôlo , da Bahia, que tenta a reeleição. Ele é Irmão do ex-prefeito de Cardeal da Silva, e do ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia e deputado estadual Marcelo Nilo.
Outro caso curioso é o do deputado Maurício Quintella Lessa, que tenta a reeleição. Primo do ex-governador de Alagoas e também postulante a uma vaga na Câmara, Ronaldo Lessa. Maurício foi um dos parlamentares que  votou pelo adiamento da votação do projeto de lei que deu origem à legislação da ficha limpa. Mas, depois da repercussão do assunto em nível nacional e da pressão popular em favor do projeto, o parlamentar votou pela sua aprovação.
Também estão no grupo dos parentes, entre outros, o deputado Arthur Lira, que tenta a reeleição e é filho do senador Benedito de Lira; Arthur Bisneto, que tenta uma vaga na Câmara por Manaus é filho do prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio que foi senador; Sarney Filho, que tenta a reeleição e, como diz seu nome, é filho do senador e ex-presidente da República José Sarney  e irmão da atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney; e a deputada estadual Clarissa Garotinho, que busca um lugar que hoje é ocupado pelo pai, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, candidato a mais um mandato no Palácio Guanabara.
Essa prática de levar à transformação dos espaços de poder em feudos familiares é muito ruim. Pela seguinte razão: por um lado, significa que não está havendo renovação de quadros – os partidos, os movimentos sociais não estão formando quadros e, por isso, fica aí esta transferência hereditária; e, de outro lado, muitos deles estão assumindo espaços de ‘ficha suja’, o que é profundamente lamentável.
Na maioria dos casos, o postulante barrado pela Lei da Ficha Limpa, coloca algum parente em seu lugar, como forma de manter influência política – como fez recentemente José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal que chegou a ser preso durante o escândalo do chamado mensalão do DEM, em 2009, para citar apenas um caso atual. Considerado inelegível por ter sido condenado em duas instâncias por improbidade administrativa, Arruda indicou sua esposa, como candidata a vice-governadora na chapa agora encabeçada por Jofran Frejat. O Rio de Janeiro é o estado que mais candidatos possui entre parentes. O Rio Grande do Sul contribui na lista com quatro. Não vou revelar os nomes porque a Justiça Eleitoral pode complicar.

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