quinta-feira, 3 de julho de 2014

O VÍCIO DO "NÉ"

O governador Tarso Genro é um homem inteligente e dono de um extenso currículo que o credencia para ocupar qualquer cargo público. Pena que está em partido errado. Chamou-me atenção uma entrevista de sua excelência terça-feira no programa Debate, da TV-Pampa durante a entrevista que concedeu ao jornalista Paulo Pinto tratando de vários assuntos. Quando liguei a televisão a entrevista já estava em andamento. Pude assistir os últimos 25 minutos. Os assuntos tratados foram vários, inclusive sobre as providências que o governo vem tomando para amenizar o sofrimento das famílias que foram atingidas pelas enchentes nas Regiões Norte, Nordeste e Sudoeste do Estado; a recuperação das estradas, a falta de mais policiamento com o aumento do efetivo da Brigada Militar etc.
Mas, a medida que a entrevista seguia, comecei a ter minha atenção desviada para um cacoete verbal do governador, fazendo com que minha concentração se voltasse para um vício vocal que ele utiliza, além de uma fala afetada que o torna arrogante, prepotente e sem graça. Aliás, alguém tem que avisá-lo que quando chegar o horário da propaganda gratuita, que antecede ás próximas eleições, especialmente durante os debates, ele deve tomar o cuidado de procurar evitar o cacoete "né".
Além de irritante, tira a atenção do telespectador pelo uso exagerado do "né". É uma chatice ouvi-lo a cada final de frase pronunciar, "né".
No momento em que percebi que essa palavra estava me incomodando auditivamente, comecei a anotar toda vez que o governador a pronunciava. Pois, durante os 25 minutos que permaneceu diante do vídeo ele disse 93 vezes o "né", ou seja, 3,72 vezes por minutos. É muito "né"!
E o pior é que a pessoa não se dá conta. Mas, não é só o governador que tem esse vício verbal, há também locutores de rádio e um político muito conhecido em nossa cidade que quando fala, a cada final de frase, lá vem o "né".
Há outros cacoetes verbais, por exemplo: "ta", "ta legal", "viu", "entende", "sabe?", ou "veja bem". Uma outra palavra usada é a "evidentemente".
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, usa muito o "obviamente". Esse vício torna a fala cansativa e prolixa. Outros vícios linguísticos são as expressões "hahan" "quer dizer", "praticamente", "então", "dai" e agora, mais recentemente, "com certeza".
Outros exemplos de vícios verbais: exemplo clássico é o famoso "subir para cima" ou o "descer para baixo". Mas há outros, como: - elo de ligação - acabamento final - certeza absoluta - quantia exata - nos dias 8, 9 e 10, inclusive - juntamente com - expressamente proibido - em duas metades iguais - sintomas indicativos - há anos atrás - vereador da cidade - outra alternativa - detalhes minuciosos - a razão é porque - anexo junto à carta - de sua livre escolha - superávit positivo - todos foram unânimes - conviver junto - fato real - encarar de frente - multidão de pessoas - amanhecer o dia - criação nova - retornar de novo - empréstimo temporário - surpresa inesperada - escolha opcional - planejar antecipadamente - abertura inaugural - continua a permanecer - a última versão definitiva - possivelmente poderá ocorrer - comparecer em pessoa - gritar bem alto - propriedade característica - demasiadamente excessivo - a seu critério pessoal - exceder em muito Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, "surpresa inesperada". Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.
Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia. Verifique se não está caindo nesta armadilha.


Nenhum comentário:

Postar um comentário