sexta-feira, 21 de novembro de 2014

IDEIA LATÍFERA

Há alguns dias escrevi sobre o salário que eles mesmos aprovam, referindo-me ao Legislativo tanto federal como estadual e judiciário. Eles fazem as contas quanto deu a inflação, somam mais outros índices e aplicam sobre o que ganham hoje. É assim que eles procedem.
Pois bem, na quinta-feira saiu na imprensa uma formidável notícia, cujo ator principal é o presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul que começa a esvaziar suas gavetas e armários para se despedir da sua apagada administração.
Antes, porém, deixa um despropositado projeto de lei para que o plenário examine e vote. Como o aumento percentual dos seus salários são equivalentes a 75% do que ganha um deputado federal, a Mesa Diretora da Casa presidida pelo deputado Gilmar Sossella, apresentou projeto de lei 249/2014 que altera o regime de aposentadoria dos parlamentares, ou seja, de contribuintes do INSS, para aposentadoria especial, paga com dinheiro do Tesouro do Estado, do contribuinte.
Nas explicações dadas a imprensa Sossella disse: "Deixei a carreira (Banco do Brasil) para ser deputado, ajudar a população, e vou ganhar R$ 6 mil. Isso não é justo!!!"
Para uma lamúria dessas, meu prezado leitor, que resposta você daria?
Quando li a notícia, sinceramente, fiquei com dó do parlamentar. "Não sei por que ficam só no nosso pé. Nossas famílias vão ficar desamparadas, disse, justificando artigo do projeto, que estende os benefícios aos dependentes em caso de morte do deputado.
Embora não seja simpatizante do PT, desta vez obrigo-me a aplaudir sua bancada que imediatamente se manifestou contrária a sua aprovação. O deputado Raul Pont (PT), após tomar conhecimento desse agro alcantilado projeto não escondeu a possibilidade de recorrer ao Ministério Público, sob a alegação de projeto imoral. Esclareceu mais, "é um evidente benefício pessoal às custas do dinheiro público."
O que a Mesa da Assembleia deveria fazer é espelhar-se no bonito exemplo deixado pelo deputado federal Inocêncio de Oliveiura, no seu último pronunciamento da tribuna da Câmara Federal nesta quinta-feira, ao anunciar sua aposentadoria. O parlamentar, depois de quatro mandatos consecutivos (40 anos) e tendo desempenhado os mais importantes cargos na Câmara desde secretário, por mais de uma vez, até a presidência e assumido a presidência da República no governo de Itamar Franco, salientou que considerava ter cumprido sua missão e que era hora de se aposentar, "pelo INSS" - afirmou.
Para Inocêncio de Oliveira é possível viver com R$ 6 mil por mês, para Sossella, não, considerando as diferenças entre ambos, sociais, intelectuais e éticas.

O projeto vai a plenário na próxima terça-feira,25. É preciso que as pessoas protestem junto aos parlamentares da nossa Assembleia Legislativa, enviando mensagens de protesto manifestando, inclusive, pelas redes sociais a sua perplexidade pelo infecto projeto de lei, uma verdadeira negação dos princípios da moralidade e da impessoalidade. Isso não é "pegar no pé", é, sim, consignar contrariedade a uma ideia latífera para benefício próprio.

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