Há
alguns dias escrevi sobre o salário que eles mesmos aprovam, referindo-me ao
Legislativo tanto federal como estadual e judiciário. Eles fazem as contas
quanto deu a inflação, somam mais outros índices e aplicam sobre o que ganham
hoje. É assim que eles procedem.
Pois
bem, na quinta-feira saiu na imprensa uma formidável notícia, cujo ator
principal é o presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul que
começa a esvaziar suas gavetas e armários para se despedir da sua apagada
administração.
Antes,
porém, deixa um despropositado projeto de lei para que o plenário examine e
vote. Como o aumento percentual dos seus salários são equivalentes a 75% do que
ganha um deputado federal, a Mesa Diretora da Casa presidida pelo deputado
Gilmar Sossella, apresentou projeto de lei 249/2014 que altera o regime de
aposentadoria dos parlamentares, ou seja, de contribuintes do INSS, para
aposentadoria especial, paga com dinheiro do Tesouro do Estado, do
contribuinte.
Nas
explicações dadas a imprensa Sossella disse: "Deixei a carreira (Banco do
Brasil) para ser deputado, ajudar a população, e vou ganhar R$ 6 mil. Isso não
é justo!!!"
Para
uma lamúria dessas, meu prezado leitor, que resposta você daria?
Quando
li a notícia, sinceramente, fiquei com dó do parlamentar. "Não sei por que
ficam só no nosso pé. Nossas famílias vão ficar desamparadas, disse,
justificando artigo do projeto, que estende os benefícios aos dependentes em
caso de morte do deputado.
Embora
não seja simpatizante do PT, desta vez obrigo-me a aplaudir sua bancada que
imediatamente se manifestou contrária a sua aprovação. O deputado Raul Pont
(PT), após tomar conhecimento desse agro alcantilado projeto não escondeu a
possibilidade de recorrer ao Ministério Público, sob a alegação de projeto
imoral. Esclareceu mais, "é um evidente benefício pessoal às custas do
dinheiro público."
O
que a Mesa da Assembleia deveria fazer é espelhar-se no bonito exemplo deixado
pelo deputado federal Inocêncio de Oliveiura, no seu último pronunciamento da
tribuna da Câmara Federal nesta quinta-feira, ao anunciar sua aposentadoria. O
parlamentar, depois de quatro mandatos consecutivos (40 anos) e tendo
desempenhado os mais importantes cargos na Câmara desde secretário, por mais de
uma vez, até a presidência e assumido a presidência da República no governo de
Itamar Franco, salientou que considerava ter cumprido sua missão e que era hora
de se aposentar, "pelo INSS" - afirmou.
Para
Inocêncio de Oliveira é possível viver com R$ 6 mil por mês, para Sossella,
não, considerando as diferenças entre ambos, sociais, intelectuais e éticas.
O
projeto vai a plenário na próxima terça-feira,25. É preciso que as pessoas
protestem junto aos parlamentares da nossa Assembleia Legislativa, enviando
mensagens de protesto manifestando, inclusive, pelas redes sociais a sua
perplexidade pelo infecto projeto de lei, uma verdadeira negação dos princípios
da moralidade e da impessoalidade. Isso não é "pegar no pé", é, sim,
consignar contrariedade a uma ideia latífera para benefício próprio.
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